segunda-feira, 24 de setembro de 2018

As Qualidades Oculares Femininas: Uma Espécie de Ode ao Olhos da Ana

Desafio do Bruno Ferreira
Palavras Impostas: Vesícula, retro-escavadora, traineira e pancreatite
Género Humorístico: Absurdo

É mais forte que nós. Direi mesmo que é uma questão genética. Ou até de sobrevivência. Um homem que não olha para uma mulher não é homem. “Ao dizer isso estás a ser homofóbico!” Nada disso! No momento do avistamento feminino, os intentos masculinos não são obrigatoriamente erótico-badalhocos. Pensando bem! São quase sempre! Mas há quem esteja a vislumbrar uma mulher para uma apreciação de moda. Esta categoria de analista é bem menor. Há muitos mais javardos por aí.

Como homem tem a obrigação moral de olhar para as mulheres a todo o momento. O problema é quando alguém surge, a namorada, para nos impedir e limitar o nosso campo de observância. Por isso, e durante toda a minha viva tenho vivido com o pânico de um dia, um dos meus relacionamentos resultar. Não vos passa pela cabeça como é preocupante, estar na eminência de ser bem sucedido no amor. Não é que me dê mal com o compromisso. Mas o facto de alguém me estar constantemente a perguntar: “Estás a olhar para onde?”, assusta-me um pouco.

Sim, porque ela sabe perfeitamente para onde estou a olhar. Mesmo com a minha visão condicionada, não deixo de ter a capacidade de deslindar belezas estrondosas que o destino colocou muito amigavelmente no meu caminho. Com os anos criei alguns subterfúgios. Sempre que passa uma beldade, eu simulo uma dor. A minha namorada fica aflita e vai pedir ajuda. E eu fico a olhar para elas. Da última vez queixei-me da vesicula e disse-lhe: “Sabes bem que tenho aquele problema na vesicula!” Ela ficou assustadíssima: “O problema do pâncreas está a afetar a vesicula?! É melhor ires ao hospital. Como também te queixas das amígdalas e dos rins é mais seguro fazeres uma ablação disso tudo”. Resultado: Acabei com ela! Mas fui operado na mesma! Não podia desperdiçar a oportunidade de observar enfermeiras diariamente!

Há dias, numa conversa com uma amiga, a Ana, ela fez uma estranha afirmação: “Já te topei a olhar para as gajas! És um autentico rebarbado!” Rebarbado!? Não gosto desse termo. Sou um observador nato! Isso sim! Mas observo qualquer coisa. Abstenho-me se a observação tiver alguma conotação marítima. Baleias, traineiras, isso não é para mim. Há demasiado para observar e processar e tudo que é em exagero é prejudicial a saúde! Em casos pontuais, e principalmente no verão, observo mais perto do mar. Mas limito-me ao areal. “E as sereias? Também são seres marítimos!” Já viram alguma? Eu nunca! E é um risco! Uma sereia pode ser metade mulher e metade baleia!

Quando olho para as mulheres, quando as observo, estou somente a procura das suas qualidades que estão muitas vezes dissimuladas por baixo de outras… personalidades. E nesse sentido, para melhorar essa mesma procura, é possível que me veja a circundar a observada. É um gesto meramente cientifico. É chamado “Método da Retroescavadora”. Quando era miúdo nunca sabia qual era a parte da frente da maquina, então, e para ter uma melhor perceção andava a volta dela. Fazendo uma análise mais completa. É o que estou a fazer quando ando a volta de uma jovem. Estou a observa-la e a ficar enjoado. Andar a roda deixa-me indisposto. Posso tomar medicação para essa indisposição, mas com a quantidade de mulheres que existem, teria de andar medicado constantemente. E não sou drogado. Se bem que isso é de homem (dizem alguns) e observar mulheres é para homens.

Voltando a conversa com a Ana, durante a mesma conversa ela perguntou-me a algo que me deixou quase sem resposta: “Quando olhas para mim, o que te atraí mais?” Respondi o que qualquer um teria respondido: “O teu par… de olhos… São lindíssimos!” E com tanto para elogiar, o facto de ter valorizado a sua parelha ocular foi bastante pertinente. Nem todas têm um par visual para ser elogiado.

Há mulheres com um olho. São difíceis de encontrar, mas existem. Podemos encontra-las na biblioteca, na secção mitológica, nos livros sobre ciclopes. Não gosto muito de falar com elas, acho que são surdas e tenho de gritar para me ouvirem. E na biblioteca não se pode fazer barulho. Ou são surdas ou armam-se em deusas. Falo com elas e nunca me respondem. As outras usam palas, vivem em alto mar e enveredaram por uma carreira na pirataria. Mas como enjoou facilmente e faço alergias aos papagaios nunca me envolvo com esse tipo de mulheres.

“Se os meus olhos são assim tão bonitos, explica-me porque é já te apanhei ao olhar para o meu peito?” Eu nunca olhei para o peito dela! E nem de outras! Pode ter acontecido uma olhar preocupado para a caixa torácica, mas só que parecia com problemas respiratórios. Ou porque o brilho dos teus olhos obrigou-me a olhar para baixo. Já sei o que vais perguntar o vais perguntar a seguir. Vais perguntar de que cor são os teus olhos. Isso interessa! A verdade é que os teus olhos, demasiados belos para serem visto por mero mortal me obrigam a contemplar outras partes do teu corpo. A culpa é dos teus olhos.

Já agora! De cor são eles?

O Cronista da Parvoíce ©

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