domingo, 10 de novembro de 2013

A Importância do Piaçaba na nossa Sociedade

Este tema foi sugerido pelo Nuno Pereira

No limiar das nossas forças, e em situações de grande dificuldade, surgem sempre grandes ideias. Muito por influência do que nos rodeia. Uma revista no chão. Um rolo de papel higiénico. O bidé. E mesmo aquela estranhíssima escova de dentes gigante: o piaçaba. Confesso que sempre achei o Feng Shui sanitário muito inspirador. A casa de banho possui um incrível poder. Consegue retirar o melhor e o pior que há em mim. E sempre quando estou sentado na sanita.

Nos momentos de grande concentração, patrocinados pelo meu drunfo intestinal, várias questões de importância capital assolam a minha mente. Será que as pessoas cegas conseguem ver os seus sonhos? Será que as agulhas para as injecções letais dos condenados à morte são esterilizadas? Será que o papel higiénico vai chegar? É incrível nas merdas em que uma pessoa pensa enquanto caga.

Num desses grandes momentos de reflexão, comecei a olhar para o piaçaba doutra forma, e percebi o quão é importante numa sociedade moderna. Muitos consideram o seu valor discutível, e menosprezam a sua utilidade. Estes habilidosos do sem-espinha são indiferentes a terrível crise identitária que ele sofre. Verdadeiro Patinho Feio das casas de banho é gigante no mundo das escovas-de-dente e anão no reino das vassouras.

Mas na verdade, o piaçaba é mais que um utensílio sanitário, é a ferramenta primordial para a nossa sobrevivência social. A sua importância transcende a sua existência física. A sua essência metafórica é o espelho do nosso comportamento em sociedade. As nossas vidas estão repletas de excrementos sociais. Porcaria que fizemos, voluntária ou involuntariamente  e da qual nos libertamos, nos limpamos. O piaçaba social intervém nestas situações, nos momentos em devemos proteger os que nos rodeiam. Evitar os danos “culaterais”.

Por norma, eu não gosto de usar as casas de banho dos outros. Quando o faço acontece sempre desgraças. Lembro-me de uma vez em que o piaçaba salvou a minha vida social e sexual. Nesse dia tinha ido jantar a casa da Joana, e sabia que o desfecho da noite só poderia ser um. Era noite de espalhar magia, entre outras coisas. Ela estava na cozinha quando senti a tragédia bater a porta. Eram gases, mas não só. Uma verdadeira “cocótástrofe”. Tentando libertar-me dessa trovoada intestinal, fui a correr para a casa de banho. Maldito cozido da véspera. E depois de alguns minutos de esforços imensos, ganhei finalmente a luta contra a minha barriga. E num gesto vitorioso, como que mandando foguetes, puxei o autoclismo.

Mas infelizmente, tinha cantado vitória cedo demais. No fundo da sanita, permanecia o esforço dos minutos anteriores, o cocó rebelde. Estupefacto puxei novamente o autoclismo. Mas incrivelmente, e num esforço quase sobre-humano, o meu cocó resistia no turbilhão da sanita. Ele parecia insubmersível. Nunca vira um assim. Uma verdadeira força da natureza. Ao menos tempo, estava a espera de quê? É meu. Num ato de desespero, puxo novamente o autoclismo, e digo adeus ao meu bravo cocó com um misto de alívio e tristeza. Mas não fora embora sem lutar, e deixara as marcas da sua resistência na sanita. Felizmente, havia uma piaçaba por perto e eliminei as provas do crime.

Logo depois fui ter com a Joana, e disse-lhe que deveria chamar um canalizador para arranjar a casa de banho. É inadmissível ser preciso puxar 3 vezes o autoclismo por causa de uma mijadazinha de nada. Nessa noite, o piaçaba salvou-me a noite e verifiquei que é realmente o instrumento ultimo para sobrevivência social.

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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

As Intempéries: Para que servem?

Este tema foi sugerido pela Nélia Olival

Nunca fui muito adepto das intempéries. Pode parecer estranho, e até capaz de desfazer o mito da minha grandiosidade, mas sou como qualquer pessoa. Não gosto do mau tempo. Como o mais comum dos mortais, está nos meus predicados estar avesso à qualquer tipo de condição climatérica adversa. Dê-me sol e fico contente.

O sol traz-me felicidade por vários motivos, mas o principal é a influência determinante que ele tem sobre a indumentária feminina. Quanto mais sol, menos roupa. E nem é preciso estar muito calor, bastam uns raios solares mais intensos,e o objectivo primário dos homens, despi-las, está facilitado. Nem que seja com o olhar. Sendo que é dificílimo desnudar mentalmente alguém que está protegido aproximadamente por sete peças de vestuário. Sim! Eu contei! 

Mesmo sendo um fervoroso opositor do frio, só pactuo com esse abaixamento de temperatura quando faz com que algumas senhoras permanecem totalmente tapadas. Apesar de La Bruyère ter dito que não existem mulheres feias, só existem aquelas que não sabem fazer-se belas”, para elas, no intuito de poupar os olhos sensíveis (e farto de despir lindas damas), deveria reinar um intenso calor soviético.

A chuva é outro fenómeno climatérico que abomino, mas menos que o frio. Consigo sempre encontrar um abrigo para me proteger da chuva. Mas o frio tem a capacidade de me perseguir até os confins dos edredons. Mas voltando às precipitações (pluviométrica), nome técnico da chuva, e tão adequado. Logo que chova, precipito-me para me proteger dessa humidade. Humidade que desaprovo. Quando estou com uma mulher gosto que ela fica húmida por causa das velas, incensos ou qualquer tipo de assessório ou estratégia que eu tenho utilizado, não porque lhe caiu um diluvio em cima.

A dança da chuva é outra coisa que me faz confusão. Sabia que as cantigas de algumas pessoas fazia chover, agora dançar. Quem é que dança para chover? Eu sei que os índios tinham a mania de o fazer, mas olhem o resultado. Tanta dança e acabaram em reservas ou pior. A chuva não lhe valeu de nada. Imagino índios prestes a serem atacados pela Cavalaria Americana: “Eia! Tantos! Não temos hipóteses! É melhor usarmos a nossa arma secreta: a dança da chuva! Os gajos molham-se todos, depois constipam-se e tá no papo!” Com a história como testemunha, a chuva não impediu a vitória da cavalaria. Resumindo, e concluindo, a chuva não serve para nada.

Volta Sol! Estás Perdoado!


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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Os Encontros à distância

Este tema foi sugerido pela Maria João

O mundo está recheado de mistérios por desvendar. Perguntas que perduram e ficam sem resposta, questões pertinentes tal como esta: “Será que os analfabetos sentem o mesmo efeito ao comer sopa de letras?”. Existem noções tão complexas que me dilaceram o intelecto (isso e as telenovelas, a Casa dos segredos e as Tardes da Júlia, e muitas outras coisas) como por exemplo os relacionamentos à distância. Mas afinal o que é isso?

Confesso que essa modalidade amorosa me provoca uma certa confusão. Não por não estar familiarizado com os conceitos “relacionamento” e “distância”, o meu último relacionamento está bem distante, no tempo (andava na pré) e no espaço (ainda vivia em França). Não é suposto uma relação ser feita de proximidade? Tanto física como de afinidade. Então como podes namorar uma pessoa que está longe? Eu não digo que não seja possível, mas é algo humanamente castrador. Sim porque se não queres trair a tua cara-metade com uma qualquer, existe apenas uma solução. Encher a velha Wendy, fazer como antigamente e esperar que os remendos não rebentem. Mas ter namorada, não é para dar descanso a Wendy?

Tive pensar durante algum tempo, mas acho que encontrei a forma das “relações à distância” resultarem. E o melhor é, que a solução, nada tem a ver com tretas como o amor, a fidelidade, a confiança ou a lealdade. Para resultar mesmo uma “relação à distância” tem de ser iniciada após vários “encontros à distância”. E o que são “encontros à distância”? Foi a única forma que arranjei de alguém sair comigo, mesmo tomando banho e usando a roupa do domingo.

Para um melhor entendimento deste novo conceito, nada melhor que contar como surgiu esta ideia e como correu esse primeiro encontro. Há pouco tempo, num fugaz fim-de-semana, conheci uma jovem. Até aí nada de anómalo. O estranho foi, e mesmo falando pouco um com o outro e sem motivo aparente (obviamente ela estava embriagada ou/e sob o efeito de estupefacientes), termos trocado os números. Para que consta não trocamos mesmo, eu fiquei com o meu e ela com o dela. Pronto. Vocês entenderam.

O único senão, é que ela vive a 100 km de minha casa (1 hora de distância), e apenas para bebermos um café. Pelo menos numa fase inicial, eu não gosto de apressar as coisas. Mais tarde poderemos passar para o cappuccino. Pior ainda, entre a minha disponibilidade e a dela teríamos cerca de 10 minutos para esse tal café. 

Imagino a minha mãe: “Onde vais?” “Beber um café” “Com quem?” “Uma mulher” “Então vai! Talvez seja desta que sais de casa! Mas vais demorar muito?”Não 2 horas e 10 minutos, mas são 2 horas de viagem!” “Mas vais tão longe porquê? Não há cafés e mulheres por cá?” “Haver… Há mas a mulheres que queiram beber um café comigo não!”.


Pensando bem achei que a distância não iria compensar, pelo menos com uma viagem de carro, e tentei alugar um helicóptero, mas o único disponível estava no Intermarché. Mas entre a quantidade de moedas que iria precisar e o facto de ir ao colo do Homem-Aranha, repensei na forma de encontrar com ela. Foi nesse momento, que tive uma ideia de génio. Um encontro através da Webcam. Um verdadeiro “encontro à distância”. Cada um do seu lado a beber café e sem desperdício de tempo. No dia do encontro não facilitei, tomei banho, na parte de cima vesti-me a preceito, na parte de baixo estava de pijama e chinelos. O encontro correu bem até dar faísca. Não por nos termos chateados, mas porque entornei o café em cima do teclado. Que azar o meu!

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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A Aloé Vera

Este desafio foi sugerido pelo João Rocha

Ainda bem pouco tempo, enfrentei o período mais negro da minha vida, fiquei sem luz. Como estava desempregado, tive de racionar as economias para os bens primordiais, e fazer escolhas, difíceis, mas óbvias. Entre pagar a luz, a água, e a assinatura da Playboy, escolhi, e não faria sentido outra coisa, a última. Mas pouco depois apercebi-me que sem electricidade é difícil ir a Internet  e num intuito meramente educativo, consultar toda a pornografia disponível.

Assim sendo, e como o saber não ocupa lugar, para alem que seria uma pena desperdiçar tanta informação púbica, achei por bem arranjar um trabalhito e acabei como vendedor de porta a porta de produtos de beleza. Em pouco tempo tornei-me no melhor amigo das mulheres, metrossexuais e de todos aqueles larilas que usam esse tipo de produtos. Para todos os que não queriam os meus produtos, tornei-me num autêntico terror, transformei-me num verdadeiro Jeová da Cosmética.

Foi através desta minha experiência cosmético-comercial que descobri a Aloé Vera, o Santo Graal dos produtos de beleza, e nas suas impressionantes e inúmeras aplicações em artifícios embelezadores. O que me faz mais confusão, quem, como e quando foram descobertas essas potencialidades. É que, e não querendo ser preconceituoso, aquilo é cacto. Uma cena que pica bastante.

Não sou nenhum especialista em cactologia, mas penso que aquele tipo de planta encontra-se nos desertos, e por norma, aqueles sítios quentíssimos, com a água rarefeita, e mal frequentado (muitos camelos são vistos naquelas redondezas) são propícios a devaneios desidratados.

O próprio nome, Aloé Vera, só pode ter sido fruto de uma profunda desidratação. Imagino um tipo, vagueando pelo deserto, e num ato de loucura agarra nesse tal cacto e grita: “Aloooooo! é a Vera?” “Mas tu não dizes nada? Não te oiço! Porcaria de rede…” “Olha lá! Não quero ser indelicado mas tu picas!”.

Uma coisa é certa, quando esse mesmo tipo foi encontrado, e depois de estar perdido no deserto durante montes de tempo, mesmo desidratado, tinha a pele extremamente bem tratada. A Aloé Vera faz milagres.

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A Sustentabilidade: Uma Desculpa Sustentável ou Apenas Sustentada?

Este desafio foi sugerido pelo João Rocha

Nos anos 90, ouvia-se muito falar do famoso “sistema”, que era o bode expiatório predilecto para justificar todos os males, muitos deles futebolísticos, mas também alcoólicos. No meu caso, esses dois males estavam intimamente ligados. Por sistema, e de forma sistemática, sempre que vejo um jogo regresso a casa bastante embriagado. Ora porque o meu clube ganhou, e tenho de festejar Ora porque perdeu, e tenho de afogar as mágoas. Ora porque empatou e tenho de afogar as mágoas por ter perdido 2 pontos, mas festejar por ter ganho 1.

Ultrapassada a culpabilização sistémica e sistemática do sistema, e porque esse termo ficou fora de moda, foi preciso arranjar um substituto a altura. E assim surgiu a sustentabilidade. Se o sistema era pau para toda a obra, a sustentabilidade, a maçã moderna do Jardim de Éden, o Gargamel da actualidade, aparece em tudo o que é sitio, em quase todas as conversas, e em momentos o tanto ou quanto inesperados.

A sustentabilidade até pode afectar a vida afectiva das pessoas. Foi o que aconteceu a um amigo de um amigo meu, por sinal muito inteligente, bem-parecido, muito sensual e estranhamente parecido comigo. Segundo alguns, e segundo a Ana, a sustentabilidade de uma relação pode ser posta em causa, pelo simples facto, de eu, ou melhor do amigo do meu amigo, não estar a trabalhar e de ela, me, quero dizer o, estar a sustentar. Não percebo como uma relação de 4 anos, durante a qual só trabalhei 1 semana, pode ser deitada assim para as ortigas. Posso não trabalhar, mas sempre que ela quer falar comigo, largo o comando da Xbox e não faço isso com toda a gente. Isso não é uma prova sustentada dos meus sentimentos? As mulheres são todas iguais, qualquer coisa serve para reclamar. A sustentabilidade é, não mais que, uma desculpa sustentável para sustentar uma reclamação sem sentido.

Vale a pena sustentar essa ideia? Ou será melhor regressar ao bom velho sistema?

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O.G.C.S. (Organização para Garantir a Continuidade dos Sonhos)

Estás farto de acordar, quando deverias ter ficado no teu 15º sono? Estás farto de ser forçado a sair do Vale dos Lençóis devido àquele bip infernal e deixar aquele sonho maravilhoso que estavas a ter? Se como eu achas que os sonhos nunca deveriam ser interrompidos, então a O.G.C.S. é o sítio certo para ti.

Esta associação é recente, acabei de cria-la há 15 minutos, e esta ideia genial, surgiu depois uma noite que estava a ser perfeita, mas acabou mal. Acordaram-me! Ontem estava a ter um sonho do carraças, se bem por momentos estranhos. Houve numa altura do sonho, em que fui comprar lâmpadas, não sei porquê visto que estava na praia. O estranho foi quando cheguei à caixa e fui atendido pelo Darth Vader, mas vestido de branco. Toda gente sabe que Darth Vader veste de preto!

Voltando ao sonho do carraças, estava com uma gaja divinal (Estão a ver aquela gaja muito boa, esta era ainda melhor!) Literalmente a mulher dos meus sonhos, e rolava aquele clima indicadora que há coisa ia dar-se. Quando o maldito do despertador toca. Fiquei tão fulo que era capaz de lhe partir a tromba se tivesse uma.

Pior ainda, não é a primeira vez que isto me acontece, aliás está sempre a acontecer-me. De tal forma que nos sonhos ainda sou virgem. Não existem dúvidas relativamente a isso. E quando não é o sacana do despertador que toca (porque o desliguei antecipando uma noite que poderá ser de arromba), é a minha mãe a acordar-me. Fico revoltado!

Isso nunca acontece no meio de um pesadelo. Podes estar a ser perseguido pelo um monstro de duas cabeças, muito parecido com o Sócrates, e com uma capa onde está estampado FMI, (Assustador!? Pudera, é um pesadelo!) mas nada de mãe ou despertador.

Para garantir que isto não volta a acontecer, e proteger não só os meus sonhos, mas também os dos meus associados, a O.G.C.S. vai implementar o conceito de “agente do sono”. Estes agentes ficariam a vigiar-nos durante a noite, enquanto dormimos e através do reconhecimento facial intuitivo (as caretas). Todos nós as temos durante a noite, e impediriam assim o nosso acordar (se o sonho fosse agradável), pontapeando os despertadores ou esmurrando as nossas mães, mas silenciosamente.

Brilhante!? Quem é que não ficou com vontade de juntar-se a O.G.C.S.!?

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A Parvoíce Económica

“Quando era novo o mais difícil em casa, eram os fins de meses… Principalmente os últimos trinta dias.”
Coluche

sábado, 24 de agosto de 2013

P.I.S.S.A. (Pessoas Incapazes de Sobreviver Sem Álcool)

Há dias, li uma notícia que me deixou bastante transtornado. Fiquei tão abalado que tive de ir beber uns copos para me animar. Nesse dia soube que os participantes nas reuniões dos A.A. (Alcoólicos Anónimos) são cada vez mais. Cobardes! Já o meu avô dizia: “O vinho é o maior inimigo do Homem! Mas virar costas ao inimigo é cobardia…”

Para lutar contra tanta cobardia decidi criar a minha própria associação, o grupo de Pessoas Incapazes de Sobreviver Sem Álcool (P.I.S.S.A). Há quem diga que o álcool pode ser prejudicial na vida familiar, mas na P.I.S.S.A não concordamos. Estar constantemente alcoolizado melhorou a minha relação incontestavelmente. Antigamente quando chegava a casa tarde mas sóbrio, a minha namorada fartava-se de me ralhar. Agora, sempre que chego, tenho sempre uma palavra atenciosa para ela: “Estás tão bonita hoje! Ou será por estares mais desfocada do que o costume!?”. Afinal teve a noite toda a minha espera. Melhor ainda, é que enquanto esperou por mim, esteve a fazer a limpeza. Quando chego está sempre com a vassoura na mão. Por vezes, a irmã gémea, cuja existência desconhecia, vem ajuda-la. Melhor! Assim não fica sozinha a minha espera. Naqueles dias em que parece que me vai chatear, e apesar da sua aparente má disposição tenho sempre uma palavra amiga: “Já que acabastes a limpeza, porque não vais voar!?”. Ela gosta de passear e fica sempre bem-disposta depois de um passeio.

Na nossa associação, não fazemos discriminação. Todos são aceites, homens, mulheres, até mesmo que esteja sóbrio. Só não aceitamos pessoas com a doença de Parkinson, achamos que é criminoso estar sempre a entornar o precioso líquido. É frequente dizerem que os membros da P.I.S.S.A são egocêntricos, e confesso que é a principal razão de nós bebermos. Gostamos quando o mundo gira ao nosso redor.

Podemos ser uma cambada de bêbados, mas somos pessoas responsáveis. Eu, como muitos, sou apologista que não devemos beber enquanto conduzimos. Até tenho um slogan para evitar desgraças: “Se conduzir não beba! Pare o carro e depois pegue no copo!” Já viu o que era entornar tudo!? Estragar é que não!

Para além de sermos responsáveis, também somos criativos. As bebedeiras têm dessas coisas, dão nas muitas ideias. E assim resolvemos o eterno problema do último copo. Aquele que tem o condão de estragar uma noite. Para evitar aqueles momentos de estragação, em que aquilo que bebemos foi irremediavelmente expelido da boca para fora depois deste mesmo, e como nunca sabemos quando é o ultimo copo, criamos o copo único.

Há quem diga que o álcool é uma coisa má, que tem mais malefícios que benefícios. Mas a verdade é que tem um poder como poucos têm. Consegue embelezar qualquer anormalidade e também torna a pessoa mais anti-social do mundo, na pessoa mais sociável a face da terra. Ficamos tão sociáveis que até falamos com objectos inanimados, como o carro (“Oh Peugeot! Onde que estás!?”) ou com a fechadura (“Eh pá! Hoje tas eléctrica! Não pares de te mexer! Tá quieta!”).

Junta-te a nós e ajuda a P.I.S.S.A a crescer

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A Parvoíce Amistosa

“Ir aos Alcoólicos Anónimos não tem piada. Nunca podemos beber um copo com os nossos novos amigos!”
Michèle Bernier

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

M.P.P.S.N. (Movimento para a Promoção das Palmas a Símbolo Nacional)

Há dias, um amigo meu perguntava-me se já tinha reparado que os portugueses batem palmas por tudo e por nada. Por exemplo, batem palmas sempre que o seu avião aterra. Realmente, a aterragem é algo tão inesperado. Sinceramente nunca me tinha apercebido, mas se calhar é por não andar muito de avião. Eu prefiro andar de carro. No máximo, e se a viagem for longa vou de expresso.

Apesar de saber, há quem mo lembra constantemente, que andar de avião é estaticamente o meio de transporte mais seguro, eu sinto-me em segurança dentro do expresso. Nunca se ouviu falar em expressos, desviados por radicais maluquinhos, embaterem contra um símbolo de descontentamento e revolta, as portagens.

É importante perceber a razão de tanta satisfação. Porquê as palmas? Será que sempre que descolam, pensam que estão a ser pilotados pelo um maçarico incompetente e o mais provável é não chegarem ao destino? Ou será porque pensavam que iam ser desviados por uns radicais de esquina e atirados contra o par de edifícios mais alto das redondezas? Ou talvez seja apenas por serem tão criancinhas, estão constantemente a perguntar “Chegamos?” e quando chegam (de facto) festejam (com palmas) que nem uns doidinhos, como se de um brinde se tratasse?

Já que os portugueses são gostam assim tanto de palmas, porque não criar uma associação cujo intuito seria bater palmas por tudo e por nada. E porque não juntar o útil ao agradável, fazendo das palmas um símbolo do alegre povo lusitano, nascendo assim a associação, Movimento para a Promoção das Palmas a Símbolo Nacional, ou M.P.P.S.N.

Com o M.P.P.S.N., mesmo em cenário de crise, a vida seria muito mais animada e talvez as coisas começassem a correr melhor. Imagina como seria ouvir palmas sempre que faço algo bem feito, ou mesmo quando correm menos bem. Um pouco de incentivo nunca fez mal a ninguém.
 
Puxou o autoclismo. Palmas!
Tentou acertar no caixote do lixo, mas o papel caiu no chão. Palmas!
Hoje, para variar, tomou banho. Palmas!
Sempre que o autocarro, comboio ou metro chega a paragem. Palmas!
Vê uma boazona a fazer topless na praia. Palmas!
Vê uma gorda e feia que estava a fazer topless na praia, vestir-se. Palmas!
Ouve a notícia que os impostos não vão subir. Palmas!

sábado, 17 de agosto de 2013

A Parvoíce Metediça

“Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre ideias, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas.”
Platão

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

C.A. (Calões Anónimos)

Desde os primórdios dos tempos existem calões. Posso até afirmar que são figuras mitológicas, afinal os deus olímpicos eram não mais do que calões. Passavam a vida a descansar, a beber néctar e por vezes espalhavam magia com as mortais. Até na idade média havia calões, ou pensam que a Nobreza se cansava muito. Pronto por vezes tinham de se cansar um pouco mais devido a uma guerrita ou outra que aparecia. Mas o que outrora era sinónimo de grandeza, como os deuses ou reis, é hoje em dia não é bem assim. A verdade é que nos dias que correm, os calões são mal vistos, e por isso tem de se manter no anonimato. Daí a criação dos C.A., por outras palavras, os Calões Anónimos.


Desenganam-se quem pensa que somos poucos. A cada dia que passa, o número de associados aumenta. De tal forma que posso afirmar que um dia dominaremos o Mundo. Sim dominaremos. É verdade. Admito. Sou um calão e com muito gosto. Quando há pouco falava dum domínio mundial, não estava a brincar, ou será que alguma vez pensaram que os políticos eram trabalhadores?! É obvio que são calões. Isso explica o facto, entre outros, de adormecerem na Assembleia. Acreditem que não é por cansaço.

Ser calão não é fácil e nem todos conseguem sê-lo na sua plenitude. Como referi há pouco, fiz do que alguns apelidam de defeito, um verdadeiro modo de estar perante a vida. Ou seja, não me mexo muito, para não me cansar e vejo-a passar felizmente. Eu nunca arrumo o quarto, espero que alguém o faça por mim. Afinal se partilho o quarto com o meu irmão é por alguma coisa. Também não faço a cama. Para quê? Eu vou dormir lá na noite seguinte! A não ser que a..., me convide finalmente para dormir (ou não) em casa dela. Nunca lavei o meu carro. Acredito piamente que um dia choverá e o meu carro lavado ficará. Quando varro, ou passo o aspirador, já de si uma raridade, faço o sentado para não me cansar. Se alguma coisa tiver caído no chão nunca a apanho, alguém há de fazê lo por mim. Antigamente tinha ténis com velcro para não ter de atar os atacadores. Não uso disso, mas quando tenho os atacadores desatados, dobro o joelho e levanto o pé para não ter de me baixar. Estes são apenas alguns aspectos da minha caloíce. Se tivesses de contar tudo passaria aqui horas, mas não estou para me cansar muito.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

P.A (Paranóicos Anónimos)


Hoje fui a minha primeira reunião dos P.A., os Paranóicos Anónimos, mas não sei se volto lá. Senti-me muito observado. Eu sei que estávamos sentados em roda, mas não tinham de olhar todos para mim. Ou tinham? E quando não olhavam directamente para mim, viravam os olhos para o chão só para verem os meus pés. Cambada de maluquinhos! O que achei estranho, é perguntaram-me o nome, não era suposto sermos anónimos? Ainda por cima quando estava a limpar os óculos, alguém me perguntou: “Tens os óculos sujos?”. Eu percebi logo que estava a acontecer. Eles estavam ali para me sacarem informações. Às tantas são amigos do gajo que me assaltou a casa. Alias, foram esses assaltos que me levaram a inscrever-me nesta associação. Eu nem sou paranóico mas o meu psiquiatra obrigou-me, vá-se lá saber porquê. Isso tudo porque lhe contei que me andavam a perseguir a meses. Eis o que aconteceu:

Tudo começou a meses quando num dia ao acordar sinto uma dor no colhão esquerdo, sempre sinal de mau presságio que se verificou minutos depois quando a dor se estendeu ao colhão direito. Como estava atrasado, decido de comer um iogurte para ser mais rápido, vou ao frigorifico buscá-lo mas a maionese estava a frente. Agarro no frasco e pumba, ele cai. Como é obvio sujei me todo e tive de ir mudar de roupa. Se estava atrasado mais atrasado fiquei. Quando me dirijo ao carro vejo que tem um pneu furado, mas como não tinha tempo para mudar a roda, decido pôr-me a caminho do trabalho usando mais antigo meio de locomoção de sempre, os pés. Então não é que começa a chover. Há quem diria que estava com pouca sorte, mas eu percebi logo o que estava a acontecer. Eu estava a ser vítima de uma cabala cósmica e pressenti que algo de mau ia acontecer.

A verdade é que tinha razão. Quando cheguei a casa, percebi logo o que acontecera. Tinha sido assaltado. Mas cuidado, não foi um trabalhinho feito por amadores, pois não encontrei a casa virada do avesso e a fechadura nem um risquinho tinha. Em suma, um verdadeiro trabalho de artistas. Se à primeira vista, não me tinha levado nada, a verdade é que quando fui tirar a roupa da máquina de lavar, percebi que algo tinha desaparecido. Faltava-me uma meia. Para mim, O roubo da meia tinha uma mensagem clara, o ladrão estava a dizer-me: “Desta vez foi a meia, mas para a próxima pode ser muito pior!” isso é que não, não te deixarei roubar a minha colecção da Playboy. Aquele ladrão estava a desafiar-me e eu não tencionava perder o confronto.

Foi por isso que instalei um super fechadura com uma chave muito manhosa. Um dia, depois de regressar do trabalho, reparei que um pão não tinha miolo. Tinha sido o sacana do larápio que o tinha roubado. Mas para que? Percebi depois que com o miolo do pão, ele tinha feito uma cópia da chave. Mas como é que ele tinha entrado em casa? Só com um cúmplice. Mas quem? Só podia ter sido… o gato. Pouco expulsei-o.

Ninguém acreditava em mim, ou na suposta existência do bandido. Chegou mesmo uma altura em que desconfiava de todos. Para mim, todos eram cúmplices. Foi então que elaborei um super plano. Fui ao banco buscar todas as minhas poupanças e deixei-as em cima da minha cama e obviamente tive o cuidado de deixar a porta de casa aberta, assim era mais fácil apanhá-lo em flagrante de delito. Na rua gritei em alto e bom som, que onde estava o dinheiro. Horas depois, tinha sido outra vez assaltado, mas tinha saído vitorioso do combate. Finalmente podia comprovar a sua existência. Como? É simples, o estúpido tinha deixado cair o fruto do seu primeiro roubo, a meia, por baixo da máquina de lavar. Eu sou assim, ninguém me vence, e digo-vos mais: eu não sou paranóico.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A Parvoíce Simplista


Sou um homem simples. Tudo que eu quero é sono suficiente para dois homens normais, whisky suficiente para três, e mulheres suficientes para quatro.”

Joel Rosenberg

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

L.P.G. (Liga para Protecção dos Gambuzinos)


Os gambuzinos são uma espécie em vias de extinção e devido às constantes caçadas que são alvo, surgiu a necessidade de criar uma associação para a sua protecção, a L.P.G. (Liga para Protecção dos Gambuzinos).

É uma sorte os gambusinos, que também são chamados de gramulizos, começarem pela letra “G”, porque doutra forma, chamando-se por exemplo de “pambuzinos” ou “bramuzilos”, a L.P.G. (Liga para Protecção dos Gambuzinos) não teria competência para protegê-los.

Há quem afirma que os gambuzinos são seres imaginários inventados por um espertinho que queria para o fanesga com uma moça da aldeia. Numa noite, convidou-a para o mato, numa de ir caçar gambozinos. Reza a historia que nessa noite o rapaz caçou e comeu a presa, mas de gambuzino não tinha nada.

Eles são vistos frequentemente em noites de jantaradas, alturas em que, e desconheço o motivo, são ingeridas quantidades massivas de líquidos que alteram substancialmente a taxa de alcoolemia. Também são vistos em noites de nevoeiro, nomeadamente quando é oriunda de substâncias com efeitos alucinogénos.
Nessas noites, é recorrente fazermos uma caçada. Ainda me lembro da minha primeira caçada, eu estava entusiasmadíssimo. Confesso que treinei a fio para a ocasião. Até comprei um taco de basebol! Mas não correu tão bem como planeado. apesar da minha caçada não ter sido infrutífera, partir as duas rótulas de um passante, que pensava ser um gramuzilo, não estava nos meus planos. A minha sorte foi que ele não pôde correr atrás de mim para me bater.
No fim dessa noite, percebi que a caça ao gambuzinos é um desporto perigoso. Neste sentido, achei por bem juntar-me a L.P.G., e assim fazer com que menos rótulas sejam destruídas. E como geralmente, sou apoiante das causas nobres (quando houve aquela petição para descodificar o canal 18, fui dos primeiros a assinar) foi só juntar o útil ao agradável.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Agosto: O Mês das Retroparvoíces Associativistas

L.P.G. (Liga para Protecção dos Gambuzinos) (02/08/2013)

P.A (Paranóicos Anónimos) (08/08/2013)

C.A. (Calões Anónimos) (14/08/2013)

M.P.P.S.N. (Movimento para a Promoção das Palmas a Símbolo Nacional) (19/08/2013)

P.I.S.S.A. (Pessoas Incapazes de Sobreviver Sem Álcool) (24/08/2013)

O.G.C.S. (Organização para Garantir a Continuidade dos Sonhos) (30/08/2013)

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Super-Herói


Há dias, fui finalmente concretizar o meu maior sonho de infância. Quando era miúdo sonhava, no dia em que me tornaria no maior super-herói do mundo inteiro. Se ser herói não é fácil, então imagine o que é para ser super. Para além de sorte, sim porque não é qualquer um que é picado por uma aranha geneticamente alterada, ou leva com um raio perto de substância química, ou é simplesmente originário de um planeta distante, também é preciso ter dinheiro para comprar o que o super-heroísmo acarreta (fatos, registo na ordem…).

Depois de muitos anos de poupança, fui fazer o que qualquer candidato a super-herói faria, registar-me na Ordem Heróica. Felizmente, eu tinha amilhado muito dinheiro e dava para pagar a pré-inscrição necessária para enfrentar as três difíceis provas (a prova dos actos heróicos, a prova dos poderes, e a prova do fato) para ser oficialmente um herói.

Na prova dos actos heróicos, tive de relatar acontecimentos que demonstraram a minha coragem e meu sentido de ajuda do próximo. Foi assim que contei modestamente as boas acções que tenho praticado ao longo dos anos. Desde de sempre ajudo as velhotas a atravessar a rua, mesmo quando elas não querem. Também é frequente auxilia-la no regaste dos seus fieis amigos, os gatos, quando estes ficam presos nas árvores. Nesses casos conto sempre com a preciosa ajuda da minha fiel comparsa, a pressão de ar. Não é de todo um pseudónimo. É mesmo uma pressão de ar! Dou-lhes um tiro no meio da testa e eles caem redondos. O gato já não está preso! Objectivo cumprido! Não sei bem porquê, mas senhoras costumam desatar aos gritos: “Matou o meu gato! Matou o meu gato! Coitadinho do Conde Fofinho III!”. Como bom herói que sou, tenho sempre uma palavra amiga para com as senhoras: “Que culpa tenho eu do gato ter morrido! Não é suposto ter 7 vidas! Se fosse mais responsável, tinha evitado de ele já ter subido 6 vezes a árvore!

Na hora de falar dos super-poderes, referi que uma vez fui picado por uma vespa, mas o único poder que ganhei, e por pouco tempo, foi o super inchaço. Também disse que tal como o Homem-aranha consigo criar teias, mas também camadonas de pó letais para o vilão se este for asmático. O problema é que teria de o levar para o meu quarto, o único sítio onde potencio esta extraordinária habilidade. Só que a minha mãe não deixa receber visitas com o quarto desarrumado! Como alguns heróis, tenho uma visão apuradíssima. Não é fácil acertar no meio da testa dum gato, quando este está preso numa árvore. Uma vez persegui um ladrão que tinha roubado uma carteira. Ele fartou-se de correr, mas apanhei num instante e nem me cansei. Logo depois, tive de encher novamente o depósito. O meu carro bebe muito quando ando depressa.

As provas até estavam a correr bem, estava no bom caminho para me tornar oficialmente um super-herói, mas quando chegou a prova do fato, vi que não era vida para mim. A prova do fato, é literalmente a prova do fato. Para além de aqueles fatos serem bastante americados, faziam-me alergias e deixavam-me com uma comichão insuportável nas virilhas. Como uso óculos, era impossível usar mascara, mas o pior é que tenho o cabelo muito volumoso e não há gel que o segure. Era logo praticamente impossível, criar o famoso remoinho no cabelo que impossibilita de desvendarem a nossa identidade secreta.

Assim sendo, decidi enveredar por outro caminho. De hoje em diante serei: filosofo. Dá muito menos trabalho!

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Técnico Conselheiro de Assuntos Gerais (Vidente)

Há dias encontrei um colega de faculdade. Ele não tinha mudado nada, continuava o mesmo feioso de sempre, mas a sua vida tinha dado uma grande volta. O rapaz que andava de 4L passeava agora de Mercedes e aquele que todas rejeitavam, estava agora casado com uma supermodelo. Por breves instantes, até o invejei, mas quando soube que o seu sucesso era sinónimo de muito trabalho, a inveja desvaneceu rapidamente.

Eu queria ser como o meu colega, ter dinheiro, namorar com uma supermodelo, mas sem ter de trabalhar. Como fazê-lo? Em busca de uma solução fácil pus o meu tremendo intelecto a funcionar e depois de breves instantes de reflexão (1 ano, 7 meses, 3 semanas, 4 dias e 15 horas), tive uma ideia de génio: ganhar o Euromilhões. Para não gastar demasiado tempo e dinheiro em tentativas infrutíferas em busca da chave dourada, pedi ajuda ao melhor conselheiro possível e imaginável: um vidente. Nunca ganhei nada, mas o contacto com o mundo do oculto fascinou-me e foi assim que me tornei vidente.

Depois de alguma formação (10 minutos de workshop), montei o meu próprio negócio. Demorei pouco tempo até receber os meus primeiros clientes. Fiz As minhas primeiras consultas na cozinha, mas depressa tive de arranjar outro local. A minha mãe dizia-se incomodada com a presença de estranhos, enquanto cozinhava.

Pouco depois o meu consultório passou para o quintal. Ultrapassado o problema da falta de electricidade (benditas extensões), pude finalmente usar a bola de cristal. Como não é nada evidente ser vidente com o nome Marco, decidi renomear-me e passei a ser Prof.Parvimba. Muito mais convincente! Aproveitei a mudança e também alterei a minha designação profissional e passei a ser Técnico Conselheiro de Assuntos Gerais, porque no fim acabo por dar conselhos de tudo e nada com alguma técnica (há quem lhe chame dom!). 

Como alguns de vós, não estão familiarizados com a arte vidência, achei que era melhor transcrever a primeira consulta de dois clientes habituais, um casal, o João e a Joana. Como é óbvio são nomes fictícios, não seria muito profissional revelar a verdadeira identidade deste casal e dizer que na realidade o João e a Joana, são o Nuno e a Dora. 

Prof.Parvimba: Bom dia!
João e JoanaBom dia Marco!
Prof.Parvimba: Eu não sou o Marco! Sou o incrível Prof.Parvimba!
João e Joana: Ok! Podias ter dito logo! Não somos videntes!
Prof.Parvimba: Nem eu! E o que vós traz cá?
João e Joana: Não sabes? Mas que raio de adivinho és tu?
Prof.Parvimba: Eu não sou adivinho, sou Técnico Conselheiro de Assuntos Gerais! Mas sei que hoje discutiram!
João e Joana: É verdade! Como é que sabes?
Prof.Parvimba: Através do meu dom e do meu ouvido!
João e Joana: Como assim?
Prof.Parvimba: Discutiram antes de entrar na tenda!
João e Joana: Que mais nos podes dizer sobre nós?
Prof.Parvimba: Não muito! Nunca mais actualizaram os vossos perfis no Facebook! Vamos agora utilizar estas cartas!
João e Joana: Mas também fazes cartomancia?
Prof.Parvimba: Não! É para jogarmos à bisca enquanto a bola de cristal aquece. Pus uma lâmpada economizadora e esta porcaria demora até estar bem acesa.
João e Joana: À bisca?
Prof.Parvimba: Se quiserem podemos jogar à sueca. Tenho de ir chamar a minha mãe.
João e Joana: Faz isso!

Fui chamar a minha mãe e quando voltei, eles tinham desaparecido... Mas voltaram em busca de respostas às quais fui incapaz de responder. Dessa vez...