sexta-feira, 1 de novembro de 2019

O Dia do Bolinho

A invenção do “Dia do Bolinho”, ou do “Pão por Deus” consoante a região onde vives, é a melhor de sempre. Melhor talvez não, mas está sem dúvida no meu top 5, juntamente com a Internet e seu livre acesso a pornografia. Adoro gomas, chocolates, enfim, tudo que seja doçaria. Não enquanto estou a ver pornografia! Seria nojento! O que gosto no Bolinho é que podemos acumular uma quantidade astronómica de doces. Como sempre achei que para sabermos receber, temos de saber dar em primeiro, especializei-me na entrega dos doces durante esse dia. Há quem me ache benevolente, ou mesmo altruísta, mas na verdade sou um guloso preguiçoso. Posso comer doces sem ter de fazer uma quantidade absurda de quilómetros.

Há algo que sempre me intrigou nesse dia! A famosa expressão: “Ó tia, dá bolinho?”. Sabiam que a expressão completa é “Ó tia, dá bolinhos, bolinhos em louvor de todos os santinhos”? O que me intriga nesta expressão é o seu início, o “ó tia”. Sendo a tia, a irmã do pai ou da mãe, ou a esposa do tio, logo uma mulher. Não acha ofensivo alguém bater-nos a porta e gritar essa expressão? E a ofensa não existe por nos estarem a feminizar. Eu entendo a feminização do apelo, antigamente as tias é estavam mais em casa. Acho estranho o silêncio das feministas sobre esse assunto. Não é discriminatório achar que um determinado género é o garante da entrega adocicada. Só penso que quando foram a minha casa, façam um compasso de espera de chamar uma ou outra coisa. Primeiro por não precisam de gritar para chamar. Eu tenho uma campainha. E segundo essa espécie de chamamento é um pouco agressivo. Se for demasiado sensível, é coisa para pôr a nossa masculinidade em causa.

Não tenho esse tipo de problemas. Eu não fico ofendido com isso. E apesar da minha masculinidade ser indubitável, uma súbita feminização minha seria péssima. Eu feminino seria mau. Nem pouco, nem muito. Bastante! Não me consigo imaginar feminizado, na verdade consigo. Como tantos, vesti-me de mulher no Carnaval, e digo-vos, o resultado assemelha-se mais à uma fantasia de Halloween.

Com o Dia do Bolinho à porta está na hora da minha pequena tradição. Uma tradição que gosto de chamar de “Desligar a campainha para ficar com os doces todos!”

- Então Marco!? Não veio ninguém a casa para o bolinho?

- Não! É estranho! Não é?! É triste! Já ninguém respeita as tradições!


Como admiti anteriormente, sou guloso e preguiçoso! Mas também sou muito esperto!

O Cronista da Parvoíce ©

Novembro: O Mês do Humor Negro