quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A Monitorização Infantil

Após muitos, e longos anos, de espera, consegui finalmente concretizar um dos meus dois sonhos de infância. Tornei-me monitor numa colónia de férias. O outro era tornar-me na maior estrela do mundo, mas visto que não possuo qualquer capacidade artística, nem sou uma esfera gasosa que brilha a milhares de quilómetros da Terra… E mesmo que fosse, quem me garante que seria suficientemente gordo para ser a maior de todas. Eu até estou de dieta.

Confesso que adoro ser monitor e anseio sempre pela época das colónias de férias, nunca mais chega a hora de estar com os meus pares, as crianças. Nalgumas questões a minha infantilidade é inquestionável. Por exemplo, sempre que como peixe, ou melhor antes de comer, a minha mãe tem por hábito os seus fragmentos de cartilagem. Sim! A minha mãe escolhe-me o peixe e tira as espinhas. Aquilo é perigoso. Posso engasgar-me.

Nos meus tempos de criança, também fui monitorizado infantilmente em colónias de férias, e do meu tempo não havia palavrões para denominar a nossa falta de quietude. Havia os reguilas e os que eram parvos. Eu pertencia (e pertenço) à segunda categoria. Mas problema era fácil e rapidamente resolvido. Uma boa chapada e eu entrava nos eixos. Não havia recurso a soluções sintéticas. Era tudo ao natural. A não ser que quem dê-se a chapada fosse maneta, aí, e no caso de ter uma prótese, seria um esbofeteamento sintético. Infelizmente, hoje em dia, já não se recorre aos métodos tradicionais do enfardanço. Não percebo porquê, um combo de joelhadas, cotoveladas, murros no baixo-ventre e cabeçadas nunca fez mal a ninguém.

Quando era criança apaixonava-me irremediavelmente pelas monitoras. E sempre das mais jeitosas. Ainda me lembro da Sónia… Aie a Sónia… O que teria feito com a Sónia! Nada! Na altura não pescava (ainda não pesco) nada do assunto. Pior, naquela época não podia recorrer à Internet nem às vídeo-aulas do Mestre Johnny. Lembro-me que essa minha paixão pela Sónia tornou-se perigosa, ao ponto de quase ter ficado cego. Foi durante o almoço, mais uma vez o meu olhar estava fixado nela, eu estava totalmente vidrado ao ponto de pegar no garfo e de o ter espetado no olho. Felizmente, não foi no meu. O André é que levou com o garfo. Por pouco, eu ficava sem um olho. E não tenham pena dele. Ele tá bem na vida, tem um restaurante de sucesso cuja temática é pirataria e tudo graças a mim.

O meu monitor da altura é que ficou a ganhar com essa minha paixão, alguns anos depois, casou-se com a Sónia. Acabei, e sem querer, por tornar-me no primeiro mini-wingman da história. Agora crescido, mas pouco, tenho o mesmo problema que tinha na infância, apaixonou-me sempre pelas monitoras. Eu não tenho culpa. Eu tenho um coração muito grande. Mas mesmo com o facto de estarmos em reclusão durante o tempo da colonia, e de qualquer um/uma se tornar apetecível, o meu charme tem a tendência em tardar.

Parece-me que vou ter de apostar noutro cavalo. Está decido! Para o ano, faço um campo de seniores. Vou ser o terror da 3ª idade!


O Cronista da Parvoíce © 2014

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Perdido no Areal

O Verão começou há pouco, e quando se proporciona a concordância entre a estação do ano e as condições climatéricas, inicia-se uma das minhas actividades menos favoritas do ano: ir a praia.

Nunca gostei dessa actividade estival e fico transtornado com a ideia do interior dos meus calções encher-se de areia. Detesto essa sensação, o facto de parecer que fui fustigado por um ataque epiléptico sub-abominável (há muito que os abdominais não moram por estes lados) sempre que isso acontece e tento expelir os grão de areia dos meus calções.
Apesar de todas as inconveniências balneares, e por vezes balear, quando dão a costa e permanecem deitadas na praia, não deixo de ir a praia. Confesso que o facto de o areal me presentear com beldades em biquíni (e com sorte, fazendo topless) é altamente motivador. Também pode ser uma fonte de distracção, como a semana passada quando perdi o meu sobrinho de 9 anos.

A semana passada, e para fazer um favor ao meu irmão, o meu sobrinho veio comigo. Quem estava muito preocupada era a minha mãe, não percebo porquê. Supostamente não sou responsável. Mal cheguei a praia, e depois de avistar umas quantas beldades, liguei-lhe. Só mesmo para lhe dar uma amostra da minha responsabilidade. “Olá Mãe! Já chegamos! Está um dia lindíssimo! A bandeira está verde e já nos instalamos nas toalhas. (…) Queres falar com ele!? Ok, eu passo-lhe o telefone… (Onde é que ele se meteu!???) Afinal não vai dar. Ele foi tomar um banho aquático. (…) Claro que não me esqueci das bóias! Tomaaaa! Quem é o irresponsável!? Não me esqueci mesmo! Estão aqui a minha frente! (…) Já falas com ele! Deixa o miúdo brincar!”

Assim do nada deixei de saber onde ele estava. Preocupadíssimo, depois de acabar de ler o jornal, fui a sua procura e fui perguntando se alguém o tinha visto. Foi assim que conheci a Vicky, uma loira lindíssima, e como eu, amante e praticante de topless. “Bom dia! Tudo bem? Está um bom dia praia! Está sol, o mar está calminho e ainda não me entrou areia nos calções. Por acaso não viste… Posso tratar-te por tu? (…) Não viste um miúdo que está provavelmente perdido? (…) Como ele é? Sei la… É o meu sobrinho. Só o vejo de vez em quando. Está como tu… Em topless e em boa forma… Mas sem bóias

. Peço desculpa… tenho de atender… O quê Mãe!? Estás preocupada!? Mas porquê? Até parece que não sou de confiança! Queres falar com ele? Mas ainda não o encontrei! (…) Não o perdi! Que ideia é essa? Ele está num encontro com a Vicky. Com isto tudo ela foi-se embora! Agora ele tá chateado e não quer falar contigo!”

O tempo passava e eu estava raladíssimo na esplanada, enquanto consumia minis e tremoços. A situação tornou-se insustentável, agarrei em mim e decidi avançar corajosamente e sem perder mais um minuto fui pedir o número à Vicky.

Como já se fazia tarde e queria regressar a casa para ver o jogo. Comecei a chama-lo: “ João! João! João! Onde estás? Aparece ou a Avó vai chatear me a cabeça! Já sabes como ela é! João! João! João Silva! João Silva!” João Silva! Há milhões de gajos com esse nome! Nunca vou encontra-lo. Mas porque é não seguiram a minha sugestão e não o chamaram Chewbacca. Era muito mais original. E com um pouco de sorte era capaz de responder a chamamentos alternativos como grunhidos.

“Ah… João! Estás aqui! Onde estiveste o dia todo? O que interessa é que estás aqui! Podemos ir embora! Só uma pergunta! O teu primo?” A minha irmã vai matar-me!


O Cronista da Parvoíce © 2014

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Parvoíce Preferencial


"Eu e a minha mulher ficamos na dúvida entre tirar férias ou nos divorciarmos. Optámos pela segunda hipótese. Duas semanas nas Caraíbas podem ser divertidas, mas um divórcio dura para sempre."
Woody Allen

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A Parvoíce Postal

"Eu pergunto-me, porque nas férias teimamos em comprar 12 postais diferentes quando vão ser todos para pessoas diferentes?"
Sacha Guitry

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A Parvoíce Monetária


"Eu pensava que as férias me iriam limpar a mente. Mas afinal, limparam a minha carteira."
Jean-Philippe Blondel