O Verão começou há pouco, e
quando se proporciona a concordância entre a estação do ano e as condições
climatéricas, inicia-se uma das minhas actividades menos favoritas do ano: ir a
praia.
Nunca gostei dessa actividade estival e fico transtornado com a ideia do interior dos meus calções encher-se
de areia. Detesto essa sensação, o facto de parecer que fui fustigado por um
ataque epiléptico sub-abominável (há muito que os abdominais não moram por estes
lados) sempre que isso acontece e tento expelir os grão de areia dos meus
calções.
Apesar de todas as
inconveniências balneares, e por vezes balear, quando dão a costa e permanecem
deitadas na praia, não deixo de ir a praia. Confesso que o facto de o areal me
presentear com beldades em biquíni (e com sorte, fazendo topless) é altamente
motivador. Também pode ser uma fonte de distracção, como a semana passada quando
perdi o meu sobrinho de 9 anos.

Assim do nada deixei de saber
onde ele estava. Preocupadíssimo, depois de acabar de ler o jornal, fui a sua
procura e fui perguntando se alguém o tinha visto. Foi assim que conheci a
Vicky, uma loira lindíssima, e como eu, amante e praticante de topless. “Bom dia! Tudo bem? Está um bom dia praia!
Está sol, o mar está calminho e ainda não me entrou areia nos calções. Por
acaso não viste… Posso tratar-te por tu? (…) Não viste um miúdo que está
provavelmente perdido? (…) Como ele é? Sei la… É o meu sobrinho. Só o vejo de
vez em quando. Está como tu… Em topless e em boa forma… Mas sem bóias
. Peço desculpa… tenho de atender… O quê Mãe!? Estás preocupada!? Mas porquê? Até parece que não sou de confiança! Queres falar com ele? Mas ainda não o encontrei! (…) Não o perdi! Que ideia é essa? Ele está num encontro com a Vicky. Com isto tudo ela foi-se embora! Agora ele tá chateado e não quer falar contigo!”

Como já se fazia tarde e queria regressar a casa para ver o
jogo. Comecei a chama-lo: “ João! João! João!
Onde estás? Aparece ou a Avó vai chatear me a cabeça! Já sabes como ela é! João!
João! João Silva! João Silva!” João Silva! Há milhões de gajos com esse
nome! Nunca vou encontra-lo. Mas porque é não seguiram a minha sugestão e não o
chamaram Chewbacca. Era muito mais original. E com um pouco de sorte era capaz
de responder a chamamentos alternativos como grunhidos.
“Ah… João!
Estás aqui! Onde estiveste o dia todo? O que interessa é que estás aqui!
Podemos ir embora! Só uma pergunta! O teu primo?” A minha
irmã vai matar-me!
O Cronista da Parvoíce © 2014
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