quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Segurança Nocturno

A Sétima Arte pode ser marcante nas nossas vidas. Há
sempre um filme ou outro que deixa marcas. Deve ter acontecido contigo e aconteceu comigo. Nunca me esquecerei do filme “The Bodyguard”, ou “O Guarda-Costas” em português, no qual um guarda-costas e uma cantora famosa se apaixonam. É o resumo muito resumido da história, infelizmente é a única informação relevante que tenho. Porquê? Porque adormeci logo no início e acordei a minutos do fim e apesar disso é um filme marcante. Como? Porquê? Ao adormecer caí do sofá e bati com a cabeça na quina da mesinha. Resultado: cicatriz! Daí eu poder afirmar que esse filme deixou marcas. Deixou mesmo, mais precisamente na minha testa. 

Deve ter sido da pancada, mas ele influenciou-me de alguma forma e criou em mim uma súbita vontade em tornar-me guarda-costas. Não sei bem porquê, mas a ideia de vestir um fato, de usar gravata, de pôr óculos escuros (mesmo de noite) de estar munido de um auricular e potencialmente engatar famosas que era suposto proteger, pareceu-me particularmente atractiva. Mas depressa percebi que seria difícil concretizar essa vontade. Assim delineei outro objectivo muito mais alcançável (pensava eu): ser porteiro de discoteca, ou segurança nocturno se preferirem.


Guarda-costas. Segurança nocturno. É mais ou menos a mesma coisa. Não?! Eu achava-me perfeitamente capacitado para essas funções. a verdade é que depressa percebi que afinal não estava assim tao preparado. Quer a nível intelectual, com o facto de ter concluído a escola primária em 4 anos, de saber ler e escrever e até contar. Quer a nível físico. sempre fui um gajo mais tipo aspirina do que anfetaminas entre outros estimulantes. A parte intelectual ainda consigo disfarçar, agora a outra. Ainda frequentei o ginásio para resolver essa questão e juntei-me a malta do crossfit, mas desisti pouco tempo depois. Sentia-me intimidado. O único sítio onde os armários não me assustam é no Ikea, e mesmo assim, a ideia de ter de montar aquela mobília com nomes estranhos é aterradora. Outro ponto em meu desfavor é o facto de nunca cometido nenhuma ilegalidade, nem ter estado preso. Uma vez atravessei a estrada fora da passadeira e que fiquei trancado dentro de um armário enquanto lia pornografia, mas acho que não é comparável.

Depois de uma longa reflexão achei melhor desistir da ideia. É certo que a minha cicatriz na testa poderia ajudar-me em tornar-me mais assustador, mas seria diminuído instantaneamente pela minha altura diminuta. Já pensaste o porquê de terem todos um ar assustador? Será que se sujeitam a cirurgias plásticas para ficarem com pior aspecto. Uma sala de espera para esse tipo de cirurgia deveria ser interessante:
- “Então o que vais pedir hoje?”
- “Uma cicatriz que vá desde a testa até aqui ao queixo, e tu?”
- “Eu vou juntar as sobrancelhas numa só!”

O Cronista da Parvoíce ©

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Volta...

Como sempre, só demos valor a algo quando o perdemos. É
verdade que deveria te ter dado mais atenção. Valorizar-te mais. Eu tinha-me prometido passar mais tempo contigo agora nas férias. Eu juro-te que não ia falhar, mas não esperaste e agora é muito provável estares na praia a divertires-te com outros.

Eu gostaria de te poder dizer isso tudo os olhos nos olhos, mas não te vejo há dias, e quando apreces desapareces na mesma velocidade. Outro facto que me impossibilita essa conversa, é o facto de não ter olhos, e mesmo que os tivesses seria muito provável eu ficar encandeado. Eu perdoo-te tudo. Até mesmo os escaldões. Não foste tu. fui eu. Deveria ter posto mais protector solar.

Volta Sol… Estás perdoado!