sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Os Encontros à distância

Este tema foi sugerido pela Maria João

O mundo está recheado de mistérios por desvendar. Perguntas que perduram e ficam sem resposta, questões pertinentes tal como esta: “Será que os analfabetos sentem o mesmo efeito ao comer sopa de letras?”. Existem noções tão complexas que me dilaceram o intelecto (isso e as telenovelas, a Casa dos segredos e as Tardes da Júlia, e muitas outras coisas) como por exemplo os relacionamentos à distância. Mas afinal o que é isso?

Confesso que essa modalidade amorosa me provoca uma certa confusão. Não por não estar familiarizado com os conceitos “relacionamento” e “distância”, o meu último relacionamento está bem distante, no tempo (andava na pré) e no espaço (ainda vivia em França). Não é suposto uma relação ser feita de proximidade? Tanto física como de afinidade. Então como podes namorar uma pessoa que está longe? Eu não digo que não seja possível, mas é algo humanamente castrador. Sim porque se não queres trair a tua cara-metade com uma qualquer, existe apenas uma solução. Encher a velha Wendy, fazer como antigamente e esperar que os remendos não rebentem. Mas ter namorada, não é para dar descanso a Wendy?

Tive pensar durante algum tempo, mas acho que encontrei a forma das “relações à distância” resultarem. E o melhor é, que a solução, nada tem a ver com tretas como o amor, a fidelidade, a confiança ou a lealdade. Para resultar mesmo uma “relação à distância” tem de ser iniciada após vários “encontros à distância”. E o que são “encontros à distância”? Foi a única forma que arranjei de alguém sair comigo, mesmo tomando banho e usando a roupa do domingo.

Para um melhor entendimento deste novo conceito, nada melhor que contar como surgiu esta ideia e como correu esse primeiro encontro. Há pouco tempo, num fugaz fim-de-semana, conheci uma jovem. Até aí nada de anómalo. O estranho foi, e mesmo falando pouco um com o outro e sem motivo aparente (obviamente ela estava embriagada ou/e sob o efeito de estupefacientes), termos trocado os números. Para que consta não trocamos mesmo, eu fiquei com o meu e ela com o dela. Pronto. Vocês entenderam.

O único senão, é que ela vive a 100 km de minha casa (1 hora de distância), e apenas para bebermos um café. Pelo menos numa fase inicial, eu não gosto de apressar as coisas. Mais tarde poderemos passar para o cappuccino. Pior ainda, entre a minha disponibilidade e a dela teríamos cerca de 10 minutos para esse tal café. 

Imagino a minha mãe: “Onde vais?” “Beber um café” “Com quem?” “Uma mulher” “Então vai! Talvez seja desta que sais de casa! Mas vais demorar muito?”Não 2 horas e 10 minutos, mas são 2 horas de viagem!” “Mas vais tão longe porquê? Não há cafés e mulheres por cá?” “Haver… Há mas a mulheres que queiram beber um café comigo não!”.


Pensando bem achei que a distância não iria compensar, pelo menos com uma viagem de carro, e tentei alugar um helicóptero, mas o único disponível estava no Intermarché. Mas entre a quantidade de moedas que iria precisar e o facto de ir ao colo do Homem-Aranha, repensei na forma de encontrar com ela. Foi nesse momento, que tive uma ideia de génio. Um encontro através da Webcam. Um verdadeiro “encontro à distância”. Cada um do seu lado a beber café e sem desperdício de tempo. No dia do encontro não facilitei, tomei banho, na parte de cima vesti-me a preceito, na parte de baixo estava de pijama e chinelos. O encontro correu bem até dar faísca. Não por nos termos chateados, mas porque entornei o café em cima do teclado. Que azar o meu!

O Cronista da Parvoíce ©

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