terça-feira, 11 de setembro de 2018

A Conversão Amistosa

Desafio do João Flor e Tiago Cabecinhas

Premissa: Como fazer amigos…

Palavras Impostas: Televisão, Smart Router, vagina, casa, tapete e orfeão.

Nunca te aconteceu parar e pensar na resolução dos maiores mistérios deste mundo? Questões tão pertinentes quão enigmáticas, tais como: Porque é que a palavra “grande” é menor do que a palavra “pequeno”? Porque é que quando na televisão vês filmes de batalha espaciais com explosões excessivamente barulhentas, se o som não se propaga no vácuo? Ou porque é que a água mineral que corre pelas montanhas durante séculos tem uma data para consumo? Ou até mesmo, porque é que as torradeiras têm sempre uma opção para uma temperatura tão alta que queima as torradas todas? Se já te aconteceu, tens de arranjar amigos e urgentemente. E quanto mais melhor! Sempre ouvi dizer que duas cabeças pensam melhor de que uma. Aposto que a vários vão encontrar as respostas que procuram. 

Eu também pensava muito nessas coisas, e passava muito tempo a discutir essas temáticas como o meu amigo João. A verdade é que as nossas tertúlias nunca foram muito produtivas, o gajo não falava muito. Mas quando era noites de bebedeiras não se calava. Pensando nisso, o gajo só aparecia quando eu estava embriagado ou depois de me aromatizar com fumos exóticos. Pior parecia que sabia sempre onde eu estava. Um verdadeiro stalker. Já não se fazem amigos imaginários como antigamente. Ainda tive o Tiago, grande amigo, mas curiosamente, depois de tomar frequentemente a medicação nunca mais o vi. É triste, basta tomar uns medicamentos da treta e, do nada, uma amizade é varrida por baixo do tapete. 

Eu sou um verdadeiro crente no que toca a amizade. Sempre que conheço alguém, mentalizo-me que aquela pessoa vai ser um amigo fantástico. Nesses encontros fortuitos, interiorizo uma palavra-chave, a minha palavra-chave que é uma espécie de guia amistosa. No aproximar de um potencial amigo, essa palavra mágica entoa na minha cabeça. Mas afinal qual é essa palavra? VAGINA. Para mim vagina é sinonimo de felicidade, como o deveria ser para qualquer pessoa, porque solto um vagina é porque “vou agora ganhar um(a) incrível novo(a) amigo(a)” (v.a.g.i.n.a.) e quanto mais quero ser amigo dessa pessoa, mais a uso, e por vezes em voz alta. Como se sofresse de uma Síndrome de tourette vagino-amistoso. Mas infelizmente, sou frequentemente mal interpretado pelos meus potenciais futuros amigos. Foi o que aconteceu com a Diana. Durante o nosso café, diga-se de passagem, que estranhei ela ter aceite o convite, disse vagina várias vezes, mas sem ela se aperceber. Só que o drama aconteceu, de tão contente que eu estava por estar a alicerçar um relacionamento amistoso duradouro, não consegui evitar o soltar de um "VAAAAGIIIINAAAA". Ela levantou-se e nunca mais a vi. Até hoje. Aproveito... Diana... Se estás a ler isto... Ainda me deves 65 cêntimos do café. 

Ainda hoje penso na Diana, e na falta que aqueles 65 cêntimos me fazem. Eu sei que não são nenhuma fortuna. Mas imaginem que aquilo acontece outra vez. Fico com um prejuízo de 1,30€. Eu sou muito amistoso, mas não posso andar aí a gastar dinheiro à toa. Tenho contas para pagar. A assinatura da Playboy não se vai pagar sozinha. A verdade é que aquilo aconteceu, fez-me perceber que a minha conversão amistosa não estava tão boa como pensava, e que tinha imperativamente de melhora-la. Se um simples vagina afugenta possíveis amigos, algo está mal. Foi por isso que procurei ajuda junto de quem percebe do assunto: o Wikipédia. Já agora um reparo aos Jeovás das Telecomunicações que vão de casa em casa a pregar a boa nova das internetes. Parem de enganar as pessoas com a essa coisa do smart router, é que o meu de esperteza não tem nada. Uma vez perguntei-lhe as horas e ele nem foi capaz de me responder. 

Sabes o que também pode ajudar na obtenção de amigos? Ser musicalmente instruído! Ou seja, saber tocar um instrumento, mas um de verdade. Uma viola, guitarra, saxofone, qualquer um. Menos aquela treta que tínhamos na escola. Como é que aquilo se chamava? Sempre que tocava, e tocar é uma palavra forte, morria um cão nas redondezas de tão mau e agudo era o som que produzia. Não me lembro mesmo do nome daquilo! Já sei! O famoso pífaro! Não! Aquilo tinha outro nome. Não tínhamos aulas de pífaro, eram aulas de… flauta de bisel. É isso! Já agora, tenho uma curiosidade. Aquilo servia mesmo para quê? Algum de vocês se tornou flautista de bisel profissional? Será que há aulas disso no orfeão? 

Na internet encontrei algumas dicas interessantes. Se fiz mais amigos? Não, mas agora sei que há coisas que não se podem fazer se queremos ter amigos. Tais como não falar sozinho! Porque se falas sozinho pareces um maluquinho e as pessoas não gostam de maluquinhos. Só se elas mesmo foram maluquinhas, mas as maluquinhas não precisam de amigos visto que falam sozinhas. E se falas sozinho não precisas de sair de casa. E se não sais de casa não precisas de amigos. A não ser que o teu melhor amigo seja um cão ou um gato…. Pensando melhor continuas a falar sozinho porque esses animais não falam. Se algum dia ouvires uma resposta, que não seja um ladrar ou um miar, aumenta a dose da medicação. 

O que ajuda realmente é falares com pessoas. Como aquela que está a passar neste preciso momento… “VAAAAGIIIINAAAA”… Onde é que vais? Não fujas! 

O Cronista da Parvoíce © 2018

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