sábado, 8 de setembro de 2018

A Taxidermia Exótica

Desafio do Tiago Pereira 

Premissa: Necrozoofilia 

Palavras Impostas: Buda, Jesus, Maomé e Satanás 

Género Humorístico: Humor Negro 

Aviso: Estás prestes a ler um texto com Humor Negro. O conteúdo do mesmo poderá chocar os mais sensíveis. 

Nunca achei que ser popular era algo importante. Daí a minha popularidade não estar no auge junto da minha vizinhança. Mas vivo bem com isso, os meus vizinhos é que não. Matei-os todos. Porquê? Alguns diziam que chamavam antipático, e outros, insensível. É tudo mentira! Sou, nem pouco, nem muito, mas bastante simpático e extremamente bem-educado. Tudo bem que é frequente matar pessoas e cortá-las aos bocados, mas sou menos simpático por causa disso? Não creio! Sempre que as desmembro, e mesmo antes do assassínio propriamente dito, fá-lo educadamente. Peço sempre licença antes de começar. O que mais me indigna é a questão da sensibilidade. depois de mortas, pergunto-lhes educadamente se o posso fazer. E era injusto dizerem que sou insensível. Mas nunca mais o fizeram. Matei-os todos. Mais vos digo, se tenho prazer em matar, ou seja, demonstrei um sentimento, como posso ser insensível?

Mas vamos ao que interessa: a taxidermia exótica. E o que é? Um hobby e como qualquer pessoa, tenho hobbies, actividades que gosto de praticar. E depois sou insensível!? “Pois! Gostas de matar pessoas!” Nada disso! A psicopatia não é um hobby, é forma de estar perante a vida e a morte dos outros. Vejam isso como uma tarefa diária que se assemelha ao trabalho de Satanás. No Inferno, ele castiga os pecadores diariamente, mas é um trabalho. Ele gosta? Muito provavelmente. Mas o seu verdadeiro hobby é possuir virgens. O meu hobby é outro. Se sou apreciador de emposse casto? Claro! Quem não gosta de um bom filme de terror onde há sangue a jorrar por todo o lado? E tal como nesse tipo de cinematografia, o sangue está presente no passatempo do fim da inocência feminina. há menos sangue, ou melhor, está mais localizado, mas há. Mas como a virgindade é algo tão precocemente perdido, as virgens são difíceis de encontrar, são raras, e se é para apanhar raridades, prefiro apanhar pokémons.

Eu sei que ainda não vos esclareci sobre a taxidermia exótica, mas já lá vou. Sou muito simpático, como vos disse há pouco, mas não gosto nada de ser pressionado fico logo todo enervado e depois faço coisas. E quando faço coisas, as pessoas gritam. E quando gritam temos de cortá-las e pô-las num saco e eu não quero isso. Já não tenho sacos. O que me lembra aquela vez em que me perdi no meio do mato e encontrei aquele imigrante ilegal, o Jesus. Mal o vi pensei: “Tens ar de quem chegou a Portugal via contentor!” E não é que eu tinha razão! Não tenho nada contra imigrantes ilegais, mas acho que não custa nada ser educado. Havia necessidade daquela gritaria toda quando lhe pedi as horas? Claro que não! É verdade que eu estava cheio de sangue, mas mesmo assim. Percebi depois que ele não tinha relógio. Podia ter dito logo. É obvio que não crucifiquei Jesus por não ter horas, mas gritou e quando gritam…

Antes que haja gritaria e que tenha de ir comprar mais sacos, vou passar a explicar o conceito de taxidermia exótica e como surgiu essa paixão. Para quem não sabe, a taxidermia é a arte de empalhar animais mortos e certamente já ouviram falar em bailarinas exóticas. Exóticas! Certo?! Agora imaginam o vosso mais querido urso de pelúcia e como gostam dele. Tanto que na sua presença sentem um desejo carnal inegável. Só que ele não é de carne é de peluche. A taxidermia exótica é isso, mas em mais desagradável. Não se esqueçam que não é que algodão que animal tem por dentro. É palha. E a palha arranha! Se calhar vou parecer estranho, mas a verdade, é que sempre tive um relacionamento profundo com a natureza. Mas como as ovelhas estavam sempre a mexer e fugir comecei a mata-las para facilitar a coisa. Mas depois fui viver para a cidade e perdi esse toque natural. O meu gosto pela taxidermia só surgiu mais tarde, quando o meu gato Buda morreu.

Eu adorava o meu gato, mas aconteceu o que acontece a todos os gatos, o inevitável destino felino: calçar uma roda. Por vezes variam e calçam para-choques, mas o resultado é sempre o mesmo. Morte certa. Eu já sabia que isso iria aconteceu mais tarde ou mais cedo. Se podia ter evitado a desgraça? Talvez! Mas a estrada que chamo carinhosamente, Maomé não teve piedade do meu gatinho. Porquê Maomé? Porque rebenta com os gatos todos. Tecnicamente são os carros, mas se houvesse estrada, também não haveria carros, por isso. Quando o Buda morreu não consegui enterra-lo. Eu gostava tanto dele que decidi ficar com ele para sempre e falei com um taxidermista para o imortalizar. Quando vi o Buda empalhado, percebi logo o potencial da coisa. Eu não sou nenhum monstro não tive nada com ele. Mas a espécie de arca de Noé que tenho em casa não pode dizer o mesmo. Estão a gritar porquê? Quando as pessoas gritam…

Darth Parvor ©

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