segunda-feira, 21 de abril de 2014

O Mistério do Coelhinho da Pascoa

A minha infância foi marcada por personagens tão extraordinárias quanto misteriosas. Nunca duvidei, nem duvido, das suas existências, mas desconfio que estas histórias estão muito mal contadas, com muitas lacunas por preencher, e com fortes indícios de muita javardice oculta no meio disto tudo. Alguém me consegue explicar os gostos estranhíssimos da Fada dos Dentes? Qual é verdadeira razão do Pai Natal distribuir tantas prendas? E qual é a do Coelhinho da Páscoa? O que leva um roedor a distribuir ovos pintados?

Nunca ninguém achou esquisita aquela tara pelos dentes? O que a Fada faz com os dentes? Onde é que elas os enfia? Isto tudo cheira a prostituição dentária. Ela paga para tê-los. Tudo bem que gostos são gostos, e não se discutam, mas aquele fetiche dentário é um pouco assustador. Não?

Há quem diga que o Pai Natal seja uma invenção da coca-cola, mas não acredito. O São Nicolau existe de facto e é indesmentível que os presentes são distribuídos todos os natais. Mas como surgiu essa tradição? Cá para mim o Sô Nicolau andava a dar facadas no casamento, e acabou por ter filhos bastardos espalhados pelo mundo. Não querendo ser um mau pai, elaborou um plano engenhoso para poder oferecer um presente aos filhos, sem que a esposa desconfiasse. Num instante o São Nicolau passou a ser o Pai Natal. Nunca achou estranho ser o “PAI” Natal? Porquê essa designação parental? Alguma vez ouvi falar dos filhos? Ele continua provavelmente nas suas atividades extracurriculares. O Natal continua. Já pensou que pode ter um pai famoso?

Quando chega o Domingo de Páscoa não consigo deixar de pensar no Coelhinho da Páscoa e na sua estranha ligação aos ovos de Páscoa. O que leva um coelho a distribuir ovos pintados? Outra coisa que me intriga particularmente é saber onde ele arranjou os ovos?

Tal como os seus comparsas de encantar, o Coelhinho da Páscoa sofre de um seríssimo desvio sexual. É um tarado e por sinal infiel. Os coelhos são por natureza poligâmicos, mas este, farto de relações estritas, decidiu arrastar a asa para outros lados. E assim enveredou para uma relação, porca e badalhoca, mas totalmente contranatura com aves.

O problema é que nenhum animal está autorizado a procriar fora da sua espécie. Para desviar as atenções alheias da sua vida de alegre e delirante concubinato, arranjou um esquema brilhante e começou a distribuir a sua prole, os ovos do crime. Mas não sem antes os embelezar dando-lhes um aspecto decorativo e insuspeito. E assim, nasceram os ovos da Páscoa.

O Cronista da Parvoíce © 2014

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