Há pouco tempo colocaram-me uma questão estranhíssima, e
francamente intrigante. Preguntaram-me se, e passo a citar: “O Godzilla já te estragou um jantar
romântico?” Depois de ouvir tal pergunta, e como qualquer pessoa racional,
contra-ataquei com uma questão deveras pertinente: “Andas a fumar o quê?”
Como é que o Godzilla, Gojira, ou ゴジラ em japonês (Sim! Pesquisei!), me poderia estragar um
jantar? Ainda por cima romântico! Não acham que se tivesse uma vida social e
romanticamente ativa, eu não teria já denunciado a minha assinatura da Playboy?
E quem, no seu perfeito juízo, iria jantar comigo? E num clima meloso.
Admitindo que conseguisse o milagre de ter um jantar romântico,
eu não precisaria do Godzilla para o estragar. Consigo fazê-lo sozinho. Podemos
dizer até que tenho um talento inato para esse tipo de estragação. Ou porque me
esqueci de fazer a reserva naquele restaurante aclamado e acabamos por ir, ora
a pizzaria, ora a barraca das bifanas. Ou porque me esqueci, inadvertidamente
(e frequentemente) da carteira em casa e ela acaba (sempre) por pagar o jantar.
Continuando no campo do improvável e o tal jantar ocorrer,
seria bastante estranho uma lagartixa gigante interromper o quer que seja.
Parece-me que a pessoa que proferiu tal interrogação, não estava devidamente
informada. Não quero de ser de nenhum modo inconveniente, ou armar-me em
sabichão, mas é praticamente impossível o Godzilla aparecer em Portugal. Faz-me
confusão quando as pessoas dizem coisas sem nexo nenhum. No máximo dos máximos
aparece nos Estados Unidos da América, ou até no Japão. Será que não estão
atentos quando vêm os filmes?
Mais tarde percebi que o Godzilla referido, não era o
monstro dos filmes, mas aquele que nos transtorna os intestinos, esguicha as
nossas fezes e nos torna momentaneamente asiáticos. O cerne da questão, não era
o Godzilla cinematográfico, mas sim o intestinal.
O que não entendo é porque não fazem logo a perguntas de um
modo percetível. Custava muito, em vez daquela história toda do Godzilla, me
ter perguntado: “Estar de caganeira já te
estragou um jantar romântico?”
O Cronista da Parvoíce © 2014
E assim respondi ao
desafio da Ana Pelotas
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