Tal como a maioria das pessoas sou destro e sempre achei os
canhotos anormais. Pelo até me aperceber que a minha mãe é canhota e passaram
todos a serem anormais, menos a minha querida mãe que tanto adoro (no caso
remoto dela ler isto!).
Eu considerava os canhotos como os arqui-inimigos dos
destros, pessoas repletas de ignomínia e outros defeitos possíveis e
inimagináveis. Ser esquerdino só poderia ser sinónimo de algo mau, porque
quando alguém apresenta qualidades e habilidades, dizemos que ele está repleto
de destreza, não de “esquerdeza”. Portanto só pode ser algo de mau.
E não é que descubro, que os canhotos, esquerdos ou
esquerdinos, também são chamados de sinistromános. Se isto não é um indício
claro de vilania, vou ali e já venho. Ser sinistro é mesmo algo mau, não acham
suspeito alguém ter uma identidade manual intitulada: “SinistroMan”. É o típico
nome de super-vilão.
Como disse há pouco não achava piada nenhuma até acontecer o
drama que mudou a minha vida. O Dia em me aleijei na mão direita. Estava a
passear quando oiço alguém a gritar: “Ajudem-se! O Pitosga caiu ao rio!”. Fiz
conta que não era nada comigo e estava para seguir o meu caminho, até me
aperceber que quem estava a gritar era um bela jovem. Como podem calcular, o
meu lado destro, o meu lado heroico surgiu e para impressionar as jovens (para
além da dona do pitosga, havia uma série delas a observar a cena) e salto para
o rio. E obviamente, magoei-me, podem não conhecer o Rio Lis, mas ele não
costuma estar propriamente cheio. A queda foi dolorosa. Bati com a cabeça e os
joelhos no chão. Mas o pior não foi isso, quando cheguei finalmente a beira do
Pitosga percebi que era um peluche e comprado nos chineses.

Passei a usar a mão esquerda para todo o tipo de atividades
e pouco depois acabei por tornar-me ambidestro. E percebi finalmente quais as
grandes vantagens desse ying-yang manual. São tantas que perderia muito tempo a
enumera-las e isso me impediria de usar esse meu novo talento maneiro na
realização simultânea de duas das minhas grandes paixões: os bolos e a
pornografia.
O Cronista da Parvoíce © 2014
E assim respondi ao desafio
do Fábio Gaspar
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