quinta-feira, 9 de outubro de 2014

“Where’s Ryan?”

A nossa infância é marcada por muitas questões que ficam sem respostas e que passamos a nossa vida a tentar responder. “Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? O ovo é o pai da galinha? Ou é a galinha a mãe do ovo?”. Mas houve uma que massacrou a minha infância e a minha vida escolar. A questão “Where’s Ryan?” ainda me atormenta.

Esse tal Ryan nunca estava quieto e tinha o condão de escapulir-se a cada aula. Era um verdadeiro ninja anglo-saxónico, autêntico Houdini dos manuais de Inglês. Nunca sabíamos dele e tínhamos constantemente de encontra-lo. Desconfio que essa coisa das escondidas é uma moda em Inglaterra. Até estou em crer que Ryan é primo do Wally.

Sempre que ouvia essa pergunta, imaginava-me numa sala de interrogatória, com a professora transformada em investigadora e cegando-me com a luz intensa dum candeeiro. -“Where’s Ryan?” –“Eu não sei!”- “In English!” –“I don’t know!” – “Where’s Ryan?”- “Where’s Ryan?” (Eu já lavado em lágrimas) –“Eu sei lá! Nem o conheço! Mas se ele anda escondido não deve ser coisa boa! Deve andar metido nas drogas! Ou pior! Já sei! Às tantas estava com caganeira e ficou fechado na casa de banho! Aquelas portas não valem nada! É isso! Está na casa de banho!”- “Where’s Ryan? –“Ryan is in the bathroon! He went to cagate e ficou fechate!”

O chato do Ryan tinha a porcaria de um “umbrella”, adereço que tinha o estranho hábito de esconder-se dele. “Oh! Is raining! Where’s my umbrella?”. Que culpa tenho eu de ele não saber da porcaria do guarda-chuva? E porque tenho eu de procura-lo? Aquela família inglesa era do piorio, sabíamos do Ryan e do raio do “umbrella”, mas a desavergonhada da Jenny desaparecia de vez em quando.

“Where’s Jenny?"



O Cronista da Parvoíce © 2014

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