quarta-feira, 1 de abril de 2020

A Importância do Papel Higiénico

Confesso que me sinto enganado. Passei a minha infância e cresci (mas não muito e é por
isso estou tão arrependido de não ter comido aquelas sopas), pensando que a ferramenta última, a arma derradeira, para enfrentar os maiores problemas era o canivete suíço. Nunca imaginei que fosse o papel higiénico. Sinto-me traído! O MacGyver é um aldrabão! Nunca pensei! Para dizer a verdade, sempre desconfiei da forma como se desvencilhava dos problemas, com um clipe, um saco de plástico e fita cola e um bocado de vidro fazia um raio laser, mas como usava o raio do canivete tornava tudo mais credível. Agora percebo que, e em vez daquele multi-utensílio cheio de neutralidade, tivesse usado papel higiénico teria alcançado a verdadeira credibilidade.

Eu sabia que era importante, mas, e desculpem a minha ignorância, achava que aquilo só servia para limpar o cu. Pensando bem, também tem outras utilidades, sendo uma folha de papel um potencial lenço, podemos assuar-nos e até mesmo limpar os óculos. Mas convém usar outra folha, usar a mesma não é boa ideia, se o fizer, eles vão ficar ranhosos e têm de ser novamente limpos. Caso não seja caixa-de-óculos, não esqueça adaptabilidade de uma folha de papel higiénico. Não precisa. Só se… só se os seus óculos forem daqueles sem lentes, ou até imaginários. Porque não?! Apenas não percebo como conseguem suja-los. É preciso ter uma pontaria do catano.

Só percebi a sua importância, quando vi aquelas corridas loucas para adquirirem o número máximo de rolos possíveis. A medida que vi aqueles carros cheios, uma questão assolava a minha mente cada vez mais. PORQUÊ? Aquilo nem provoca diarreia. Se bem que tenho, e sem conhecimentos médicos, a certeza que sim, mas essa doutro tipo. Do tipo mental. Ou se calhar é foi um golpe de marketing estrondoso. Imagino dois marketeers bêbados numa reunião a explicar a ideia ao chefe: “Chefe! Tivemos uma ideia de génio! O Manel diz que é uma ideia de merda. Por causa do papel! Merda! Papel Higiénico! Não!? Vamos espalhar na net que com papel podem fazer mascaras e tudo! Eu sei que é estupido! Aquilo nem é resistente e com os elásticos e agrafes é capaz de rasgar! Melhor ainda! Vamos fazer um artigo supostamente científico dizendo que o papel higiénico protege! Como se a virose ao se aproximar de nós dissesse: “Oh não! este gajo comprou 752 rolos! Agora não posso fazer nada!” O que acha? É uma boa ideia?”

Impõe-se uma pergunta, direi mesmo a verdadeira questão: onde raio é que estes energúmenos vão arrumar essa quantidade astronímica de rolos? Não devem ter espaço. Aposto que está tudo ocupado com jerrican de combustível. Eu gostava de perceber como as pessoas foram todas influenciadas nessas compras desmedidas. A hipótese dos marketeers parece-me boa, mas creio que foi mais o que chamo de “efeito manada”. Um faz. Todos fazem. Sendo que neste caso é mais o “efeito burricada”. E com isto tudo, preciso de ir à casa de banho e não tenho um único rolo.

Por isso lanço um apelo: “Se tens mais de um quarto de centena (quantidade razoável para se ter em casa) e me puderes dispensar um rolo ou outro, eu, as minhas mãos, os meus óculos e, principalmente, o meu cu agradece!”

O Cronista da Parvoíce © 2020

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