sexta-feira, 3 de abril de 2020

A Importância do Bidé

Não sei como, e por onde, começar, mas a verdade é que nunca te valorizei o suficiente. Nunca o deveria ter feito. Lamento mesmo. Foi preciso passar por isto para perceber o que significas para mim e tantos outros. Mas agora que percebi, vou não há como nega-lo: BIDÉ, ÉS O MAIOR! Tecnicamente não és bem o maior, porque se fosses a disposição da casa-de-banho ficaria estranha. Arrisco-me a dizer que, muito provavelmente,
desestabilizaria aquele feng shui sanitário. 

Bem sei que agora todas as minhas palavras podem parecer vãs, mas lembra-te, quem sempre te menosprezou, não fui eu, mas a sanita. Ela sempre se achou mais importante do tu, olhando te com desdém e de uma forma altiva. Sendo que esse olhar faz sentido porque um bidé está a mais baixo do que uma sanita, se fossem da mesma altura, poderiam acontecer equívocos e escoá-los seria complexo. Mas não tenhas inveja dela porque é uma vagabunda, uma oferecida. Se soubesses com quem ela anda metida, que é basicamente com toda a gente, e é melhor nem te contar o que fazem. É repugnante, natural, mas repugnante. 

Continuando nas coscuvilhices de casa-de-banho, sabias que a sanita tem uma pseudo relação com o piaçaba? Será ele sabe das facadinhas? Não há como não desconfiar! Ou será que o seu amor tolda-lhe a vista ao ponto de não perceber que alguém passou antes dele? Mas como não? É impossível não reparar. O gajo também não é puro das ideias, anda metidas em merdas suspeitas, cenas que não cheiram nada bem. Não vou falar da banheira o teu arqui-inimigo, o teu rival ancestral, porque não tenho nenhuma. Só por isso. Não tenho banheira, mas tenho um duche que ainda por cima é tímido. Tem uma cabine para proteger a sua intimidade.

Eu sei que sempre que precisar de ti, estarás aqui para mim. Como quando tive aquela bebedeira e que me salvaste a vida poupando me à árdua tarefa de limpar o chão. Lembro-me como fosse ontem, que por acaso foi antes de ontem, estava indeciso entre parar e beber um último copo (acabou por ser mesmo o último), quando fiz a escolha óbvia. Bebi-o. Foi nesse momento que senti uma espécie de erupção gástrica. Essa mesmo me fez correr até a casa de banho para expelir o que tinha para expelir, percebendo naquele momento porque, nos bares e nas discotecas, as sanitas não têm tampas. Levantar uma tampa, quando se está bêbado, é mais complexo do que parece. Aparecestes como um raio de luz salvador. A luz estava apagada e alguém a acendeu. Foi isso que acontecer, mas não deixou de ser um momento grandioso. Quero que fique bem claro que não foste a segunda opção. Quis poupar-te ao meu negativismo intestinal, mas não sendo possível, precisei de ti para chamar o Tio Gregório.

É por isto tudo que sei que alguém dia precisar novamente de ti. Estarás lá pacientemente à minha espera, e mesmo que acabe o papel higiénico todo do mundo, poderei sempre contar contigo. MUITO OBRIGADO BIDÉ! ÉS O MAIOR!

Nota: Todos os dias, há um bidé abandonado por um, ou uma, anormal, que prefere comprar 1754 rolos de papel higiénico, do que usá-lo em caso de necessidade. Não seja anormal! Use o bidé!

O Cronista da Parvoíce © 2020

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