quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Carta ao Pai Natal

“Querido Pai Natal,
Espero que esta carta que te encontra bem de saúde. Cuidado com as constipações, gripes e qualquer outro tipo de maleitas que poderiam estragar o (meu) Natal. Ficaria muito chateado por não receber os meus presentes porque não tiveste em atenção o frio que deve estar por aí pela Lapónia. Aqui também está frio e, apesar disso, não falto ao trabalho devido a doenças invernais. Quando falto tenho sempre uma doença válida, como daquela vez em que apanhei a Virosa Simiesca do Nilo. Uma doença extremamente rara e pouco comum, visto que nunca fui ao Egipto e que acho que não há macacos por lá, só camelos. Daí eu ter faltado apenas três semanas ao trabalho e ter aproveitado por recuperar na Republica Dominicana. Se tivesse apanhado a virose dos camelos teria falta 5 ou 6 semanas! No mínimo!

Relativamente às prendas não tenho muitas exigências, mas se pudesses fazer com que a Guida retire a providência cautelar que impossibilita qualquer tipo de aproximação. Ela não atende as chamadas, nem responde às mensagens. Assim torna-se difícil convida-la para o quer que seja. Eu sei que poderia tentar falar com ela à distância, mas falta-me colocação de voz. Também já pensei usar um megafone, mas não sei como aquilo se liga, portanto acho que a colocação de voz seria uma óptima prenda. Também aceito cuecas e meias. Dão sempre jeito!

Eu sei que com tantas prendas, deves, de vezes em quando, confundir os endereços, só assim se justifica o facto, do ano passado, teres perdido alguns dos meus presentes pelo caminho. E não terás trocado a minha carta com a de outra pessoa, não me recordo ter pedido uma boneca insuflável. Dá sempre jeito (principalmente com a providência cautelar a decorrer), mas deve de estar a falta a alguém. Mas não vale a pena vir busca-la, porque eu já me afeiçoei e temos uma ligação profunda.

Com enganados, ou sem enganos, não te esqueças de mim. Fui um menino bem-comportado. Nunca minto. Apenas embelezo a verdade para salvaguarda de um bem maior: o meu bem-estar. Sempre que posso, ajudo velhinhas a atravessarem a rua, mesmo quando elas não querem. E quantas vezes resgatei dos seus queridos gatos, quando estes ficam presos nas árvores? Nem foram muitas, nem poucas! Foram bastantes! E nunca pedi nada em troca! Nem sequer pedi o dinheiro das munições! Devem pensar que pressão de ar funciona com ar?! Até funciona, mas a questão não é essa! Preciso de munições para abater o animal!

Sim! Abater! Como queriam que resgatasse o bicho? Eu não sou bombeiro! Nem ando sempre com uma escada atrás. O que até poderia dar jeito sempre que um balão de uma criancinha fique presa numa árvore, mas nada que a pressão de ar não resolva. Como sou bom moço e gosto de ajudar, nunca recusei um pedido de auxilio, mas há pessoas pobres e mal-agradecidas. Lembro-me de uma senhora que desatou aos gritos: “Matou o meu gato! Matou o meu gato!”. É impressionante! Deveria ter feito queixa da senhora à protecção dos animais! E que culpa tenho eu do gato ter morrido! Não é suposto ter 7 vidas! Se a senhora tivesse sido mais responsável, tinha evitado as 6 subidas anteriores! Mas repito, sou bom moço. Não fiz queixa da senhora.

Já agora, e se não for pedir muito, agradecia que este ano que te enganasses outra vez e me mandasses uma bomba… Tenho uma amiga com falta de ar.”

Adeus Pai Natal e faz boa viagem

Markito, o Amigo dos Animais”

O Cronista da Parvoíce © 2017

Sem comentários:

Enviar um comentário