quinta-feira, 5 de junho de 2014

Um Mundo Futebolisticamente Surreal

As sociedades modernas estão repletas de vícios. Alguns mais patentes do que outros. Há quem goste de fumar e há quem goste de beber. Eu gosto de futebol e de pornografia. Com esta confissão deixei-os todos num profundo estado de choque e passaram a ver-me como um pervertido. Confesso que estou um pouco envergonhado com esta revelação, e sim não há duvida que alguém que consegue estar uma hora e meia a ver uns quantos indivíduos correrem atrás de uma bola, só pode ter uma mente perversa.
Decerto que acharão curioso, mas os vícios, para além de inocentes e indecentes, estão intimamente ligados. Afinal, ver futebol é como ver pornografia. Tem montes de acção (com excepção de muitos jogos da liga portuguesa), geralmente não conseguimos desviar os olhos daquilo. Mas quando acaba, perguntamo-nos sempre porque diabo desperdiçamos duas horas das nossas vidas com aquilo.

Este desporto tem o poder estranhíssimo de cessar a nossa racionalidade e atrofiar os nossos sentidos motores. No visionamento de um jogo, ficamos em estado de letargia cognitiva, refletida pelo simples facto de falarmos com um objecto inanimado, neste caso a televisão. Por muito que gritamos “CHUTA!” PASSA A BOLA!” “OLHA PARA AQUELE LADO, ELE ESTÁ DESMARCADO!” Ninguém acarreta as nossas ordens. Mas se resultasse? Se eles obedecessem? Não me parece que fosse uma boa coisa. Com milhões de ordens contrárias, os jogadores ficariam atrofiados (mais) e até estáticos. “Então Pá! Não te mexeste porquê?” “Desculpa, mas tava um dizer chuta, o outro passa… Fiquei sem saber o que fazer!”

Outro fenómeno curioso é o facto, o poder que o futebol tem em apelar a nossa bipolaridade. Num instante passamos de adepto “Dr Jekyll” a adepto “Mr Hyde” e vice-versa. E a coisa é bastante ridícula quando olhamos de fora. Basta uns maus jogos e temos a certeza que a nossa equipa é uma porcaria. Nesses casos, ELES são péssimos. Mas uns quantos jogos depois recheados de vitorias boas exibições, SOMOS os maiores.

O Cronista da Parvoíce © 2014


Esta foi a resposta ao desafio do André Silva Lopes

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