Em todos os países, existe aquela pergunta, inequivocamente estúpida,
mas que define a nação. Em França, questiona-se o propósito do bidé. Em que
estava o gajo que o inventou aquele utensílio sanitário? Qual é a sua verdadeira
finalidade? Foi concebido para lavar os pés? Outra coisa? Ou foi criado para
albergar os dejectos estomacais de uma noite de bebedeira, quando a sanita e o
lavatório estão ocupados por outros? Nos Países Baixos, discute-se qual é a
melhor flora para símbolo nacional? A tulipa? O cannabis? Em Portugal,
debate-se a questão do potencial.
Em Portugal, quando proclamamos que alguém tem potencial, é a
morte do artista. Estamos a dizer, que num futuro mais ou menos próximo, vai
tornar-se nalgo que não é. Falar do potencial dum individuo, é adornara
inevitável e implacável verdade. Alguém com potencial é alguém a quem falta
aquilo que é necessário. Uma besta com o potencial de ser bestial, mas uma
besta na mesma.
Avaliar as potencialidades de um sujeito, é oferecer-lhe na hora
da desgraça (as suas supostas qualidades acabam de ser trucidadas), uma saída
honroso, uma hara-kiri motivacional. Morreu com a esperança de poder ser
melhor. Mas morreu na mesma, e com a porcaria de uma katana espetada no ego, e
não por nada mas é capaz de magoar um pouco.
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A Selecção Nacional está recheada de potencial, afinal aquilo é um
conjunto de potenciais vencedores. Nunca vão ganhar nada. Em 2004, foi uma potencial
vencedor, mas a Grécia é que ganhou. E desde daí a “Lei da Potencialidade” tem
sido implacável Portugal. Ou Portugal tem sido benevolente com essa teoria, e
não querendo refuta-la, tem continuado na sua senda de insucessos. Mas nada de
aflições, pode ser que isto muda. Mal seja que com tanto potencial não aconteça.
O Cronista da Parvoíce © 2014
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