Em Portugal, o bigode é mais que um adereço ou mera
pilosidade, é o estandarte das nossas virtudes. Se é farfalhudo e enrolado
pertence a alguém alegre e orgulhoso, se é pequeno e aparado revela moderação e
sobriedade, se é generoso e definido pertence a um dono sociável e com boas
maneiras. O bigode sublima e sublinha a personalidade do seu dono. E
sublinhamos palavras para quê? Para evidenciar o texto!
Para além de ser um fantástico armazém para a comida, o
bigode é um símbolo nacional tão indispensável como a bandeira, o hino, o fado,
a mini e o tremoço. Verdadeiro pináculo da perfeição lusitana, ele revela-se através
da sua óbvia presença facial, mas também pela mensagem escondida no seu nome. O
bigode é a Benesse dos Imberbes que Garante a Obtenção de um Desígnio
Extraordinário. Em suma, este vocábulo
demonstra um destino bigodesco cheio
de grandeza.
Se antigamente a pilosidade facial feminina era uma fonte
incrível de reconhecimento no mundo circense, hoje em dia esse apreço
verifica-se em festivais musicais de visão europeia. Confesso que esse fetiche
piloso me faz alguma confusão. Imagine uma relação heterossexual com os pelos faciais
como ponto comum na relação. Se já é difícil saber quem veste as calças? Então como
vai ser descortinar quem é o líder com perfil pilífero daquela casa?
Mas é futebolisticamente que o bigode ganha contornos
descomunais. Sempre me disseram que o futebol não é para meninas, é para homens
de barba rija, mas confesso que sou frequentemente fustigado pelas dúvidas.
Principalmente quando os jogadores estão mais preocupados com o penteado ou a fitinha
que têm no cabelo. A ostentação daquele símbolo de masculinidade desfaria
qualquer tipo de dúvida.
No decorrer dos jogos é frequente vermos os defesas oferecer
aos avançados, uma ou outra trolitada violenta. Na minha modesta opinião, as
entradas nunca são assim tão violentas e merecedoras de cartão vermelho
directo. Só mesmo se partir a perna do adversário em três lados. Mas mesmo aí,
acho que a culpa é mais do sofredor do que do causador. Para começar se bebesse
mais leite, não era tão frágil e se ostentasse um bigode, o defesa nunca teria
entrado assim. Ao ver o bigode, o defesa perceberia logo que o oponente é um
gajo rijo e ele é que se arriscava a ficar magoado.
Gostava de relembrar a todos os meus compatriotas, que os
tempos mais áureos da Selecção Nacional, o vice-campeonato europeu em 2004 e os
terceiro e quarto lugar no Mundial em 1966 e 2006, foram alcançados quando o
treinador ostentava um bigode. Quando em 1989 e 1991, um certo Carlos Queiroz
tinha um bigode e treinava a selecção júnior, levou a Selecção Portuguesa até
dois títulos mundiais. Vejam a como correu a ultima campanha mundialista com o
mesmo selecionador, mas desprovido de bigode. Nada bem!
No último jogo particular, o Hugo Almeida marcou dois golos.
Sim! 2 golos! Eu percebo que o binómio Hugo Almeida/Golo faz-vos alguma confusão.
Fiquem descansados para ele também é confuso marcar golos. Só tenho uma
explicação para repentina eficácia e não creio que seja uma coincidência. O
bigode faz a diferença e agora ninguém o para. A não ser uma Gillette!
Enfim, o que queremos é dar Bigode as outras Selecções enquanto nos rimos nas suas barbas.
O Cronista da Parvoíce ©
2014
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