quinta-feira, 12 de junho de 2014

A Importância do Bigode

Em Portugal, o bigode é mais que um adereço ou mera pilosidade, é o estandarte das nossas virtudes. Se é farfalhudo e enrolado pertence a alguém alegre e orgulhoso, se é pequeno e aparado revela moderação e sobriedade, se é generoso e definido pertence a um dono sociável e com boas maneiras. O bigode sublima e sublinha a personalidade do seu dono. E sublinhamos palavras para quê? Para evidenciar o texto!

Para além de ser um fantástico armazém para a comida, o bigode é um símbolo nacional tão indispensável como a bandeira, o hino, o fado, a mini e o tremoço. Verdadeiro pináculo da perfeição lusitana, ele revela-se através da sua óbvia presença facial, mas também pela mensagem escondida no seu nome. O bigode é a Benesse dos Imberbes que Garante a Obtenção de um Desígnio Extraordinário. Em suma, este vocábulo demonstra um destino bigodesco cheio de grandeza.

Se antigamente a pilosidade facial feminina era uma fonte incrível de reconhecimento no mundo circense, hoje em dia esse apreço verifica-se em festivais musicais de visão europeia. Confesso que esse fetiche piloso me faz alguma confusão. Imagine uma relação heterossexual com os pelos faciais como ponto comum na relação. Se já é difícil saber quem veste as calças? Então como vai ser descortinar quem é o líder com perfil pilífero daquela casa?
Mas é futebolisticamente que o bigode ganha contornos descomunais. Sempre me disseram que o futebol não é para meninas, é para homens de barba rija, mas confesso que sou frequentemente fustigado pelas dúvidas. Principalmente quando os jogadores estão mais preocupados com o penteado ou a fitinha que têm no cabelo. A ostentação daquele símbolo de masculinidade desfaria qualquer tipo de dúvida.

No decorrer dos jogos é frequente vermos os defesas oferecer aos avançados, uma ou outra trolitada violenta. Na minha modesta opinião, as entradas nunca são assim tão violentas e merecedoras de cartão vermelho directo. Só mesmo se partir a perna do adversário em três lados. Mas mesmo aí, acho que a culpa é mais do sofredor do que do causador. Para começar se bebesse mais leite, não era tão frágil e se ostentasse um bigode, o defesa nunca teria entrado assim. Ao ver o bigode, o defesa perceberia logo que o oponente é um gajo rijo e ele é que se arriscava a ficar magoado.

Gostava de relembrar a todos os meus compatriotas, que os tempos mais áureos da Selecção Nacional, o vice-campeonato europeu em 2004 e os terceiro e quarto lugar no Mundial em 1966 e 2006, foram alcançados quando o treinador ostentava um bigode. Quando em 1989 e 1991, um certo Carlos Queiroz tinha um bigode e treinava a selecção júnior, levou a Selecção Portuguesa até dois títulos mundiais. Vejam a como correu a ultima campanha mundialista com o mesmo selecionador, mas desprovido de bigode. Nada bem!

No último jogo particular, o Hugo Almeida marcou dois golos. Sim! 2 golos! Eu percebo que o binómio Hugo Almeida/Golo faz-vos alguma confusão. Fiquem descansados para ele também é confuso marcar golos. Só tenho uma explicação para repentina eficácia e não creio que seja uma coincidência. O bigode faz a diferença e agora ninguém o para. A não ser uma Gillette!

Enfim, o que queremos é dar Bigode as outras Selecções enquanto nos rimos nas suas barbas.


O Cronista da Parvoíce © 2014

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