sexta-feira, 23 de maio de 2014

A Perigosidade dos Telemóveis

Detesto acordar sabendo que vou ter de lutar contra a força gravitacional da minha cama. Por mais que me queira levantar, sinto-me irremediavelmente atraído pela sua horizontalidade. Essa falta de vontade levadiça é acrescida pelo facto de saber que o dia vai correr mal.

Como sei que o dia vai correr mal? Recorrendo ao meu talento secreto! Há quem tenha sonhos premonitórios, eu tenho acordares premonitórios. Sei que o dia vai correr mal, quando acordo com uma dor aguda no colhão esquerdo e pouco minutos mais tarde, a minha premonição verifica-se quando a dor passa para o lado direito. Malditos telemóveis e suas vibrações! Deram-me cabo do material!

E hoje foi mais um desses maus dias iniciados com a inevitável dor testicular e uma tremenda cefaleia. Eu não me recordo muito bem da noite passada, mas pelas movimentações estranhas da casa (ela não para de andar a roda), deve ter sido complicadíssima.

O mais estranho é ter acordado com um número de telemóvel escrito no antebraço. Mesmo sóbrio nunca fui um Calimero de sedução, quanto mais embriagado. Sim! Não me enganei! Podia ter falado em D. Juan ou Casanova, mas o Calimero é que foi à Abelha Maia. E conseguir uma relação inter-espécie é de valor! Ele é o verdadeiro sedutor!

Com a azáfama matinal e a minha tendência natural para os atrasos, não cheguei a ligar para o misterioso número, mas não o apaguei. Não o fiz por curiosidade, mas também porque foi escrito com um marcador indelével. E pergunto: “Quem é que saí a noite com a porcaria de um marcador?”

Quando cheguei ao meu carro encontro no seu interior uma suspeitíssima mochila preta. Talvez o número seja do dono, ou da dona. Uma vez ao volante, e a caminho do trabalho, os carros do sentido contrário teimavam em vir para a minha facha de rodagem. Talvez para tirarem uma selfie comigo, visto que estava no Facebook enquanto conduzia.

Com o carro estacionado, aproximando me do escritório, e depois ter espetado o pé num buraco, ia-me escavacando todo ao falhar um degrau das escadas. Tudo porque estava a mandar umas quantas sms. Esta cidade é um perigo. Estas condições arquitetónicas têm de ser revistas!

No final do dia, e depois de um árduo dia de trabalho, vi a mochila e lembrei-me de ligar para aquele número. Mas como não sou totalmente parvo, e estou bem ciente do perigo que é telefonar e conduzir ao mesmo tempo, achei por bem estacionar numa de gasolina e liguei. Resultado: um grande estrondo!!!

Lição do dia: Os telemóveis são de facto perigosos. Fazem explodir mochilas, carros, bombas de gasolinas e pessoas (eu estava demasiado perto do carro quando ocorreu a explosão!). E nunca devemos ligar para um número desconhecido, se não tiver associado a um nome de uma mulher.

O Cronista da Parvoíce © 2014


E assim respondi ao desafio do Bruno Ferreira

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