Detesto acordar sabendo que vou ter de lutar contra a
força gravitacional da minha cama. Por mais que me queira levantar, sinto-me
irremediavelmente atraído pela sua horizontalidade. Essa falta de vontade
levadiça é acrescida pelo facto de saber que o dia vai correr mal.

E hoje foi mais um desses maus dias iniciados com a
inevitável dor testicular e uma tremenda cefaleia. Eu não me recordo muito bem
da noite passada, mas pelas movimentações estranhas da casa (ela não para de
andar a roda), deve ter sido complicadíssima.
O mais estranho é ter acordado com um número de
telemóvel escrito no antebraço. Mesmo sóbrio nunca fui um Calimero de sedução,
quanto mais embriagado. Sim! Não me enganei! Podia ter falado em D. Juan ou
Casanova, mas o Calimero é que foi à Abelha Maia. E conseguir uma relação
inter-espécie é de valor! Ele é o verdadeiro sedutor!
Com a azáfama matinal e a minha tendência natural para
os atrasos, não cheguei a ligar para o misterioso número, mas não o apaguei.
Não o fiz por curiosidade, mas também porque foi escrito com um marcador
indelével. E pergunto: “Quem é que saí a noite com a porcaria de um marcador?”
Quando cheguei ao meu carro encontro no seu interior
uma suspeitíssima mochila preta. Talvez o número seja do dono, ou da dona. Uma
vez ao volante, e a caminho do trabalho, os carros do sentido contrário teimavam
em vir para a minha facha de rodagem. Talvez para tirarem uma selfie comigo,
visto que estava no Facebook enquanto conduzia.
Com o carro estacionado, aproximando me do escritório,
e depois ter espetado o pé num buraco, ia-me escavacando todo ao falhar um
degrau das escadas. Tudo porque estava a mandar umas quantas sms. Esta cidade é
um perigo. Estas condições arquitetónicas têm de ser revistas!
No final do dia, e depois de um árduo dia de trabalho,
vi a mochila e lembrei-me de ligar para aquele número. Mas como não sou
totalmente parvo, e estou bem ciente do perigo que é telefonar e conduzir ao
mesmo tempo, achei por bem estacionar numa de gasolina e liguei. Resultado: um
grande estrondo!!!
Lição do dia: Os telemóveis são de facto perigosos.
Fazem explodir mochilas, carros, bombas de gasolinas e pessoas (eu estava
demasiado perto do carro quando ocorreu a explosão!). E nunca devemos ligar
para um número desconhecido, se não tiver associado a um nome de uma mulher.
O
Cronista da Parvoíce © 2014
E assim respondi ao desafio
do Bruno Ferreira
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