Aposto que não são poucas as
vezes em que enfrenta aquele aparente entorpecimento intelectual que te deixa
com um olhar vago. Já conseguiste explicar o que se passou com o teu cérebro
naquele instante? Ou dizer para onde a tua mente foi transportada? Não
acredito! Podem estranhar esta minha descrença, mas depois de revelar este
segredo e o destino dessa viagem mental, certamente que irão perceber.
Quando alguém está silencioso,
pensativo, não está prestes a resolver todos os males que assolam a humanidade.
Está num momento de extrema javardice. Viajámos mentalmente num instante. Do
segundo para outro, estamos no famosíssimo Mundo dos Sonhos, ou Mundo Lunar
(“Estar na Lua”), uma realidade alternativa erótico-badalhoca.
O homem é um ser racional, e como
tal pensa frequentemente, mais concretamente em gajas. Nuas de preferência.
Nuas e bastante antipáticas. Não por terem um fetiche sadomasoquista, mas a
simpatia não é um predicado importante no mundo da porcalhice. É mais difícil
criar um enredo jarvado com alguém simpático.
Para muitos a simpatia é uma
qualidade, um atributo moral relevante, mas no mundo da jarvadice é o
contrário. Quando classificamos alguém de simpático e esse alguém é uma mulher,
nunca teremos pensamentos impróprios com essa pessoa. Só mesmo no caso de
sermos cegos, ou sermos cegos. “Tenho uma amiga que te quero apresentar!” “É
boa?!” “Não, mas é simpática!”. Está tudo dito!
O homem é um ser bicéfalo, ou
seja, está munido de duas cabeças pensantes mas nunca simultaneamente. Quando
uma pensa, a outra está a descansar. Sempre que aparece uma gaja boa, acontece
um adormecimento cerebral repentino, uma narcolepsia cognitiva. Durante
reparamos no vazio refletivo do entorpecido, daí a sua ausência de resposta
quando acaba de vivenciar esse fenómeno. “Estavas a pensar em quê?” “Em nada!”
O Cronista da Parvoíce © 2014
E assim respondi ao
desafio do André Silva Lopes
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