quinta-feira, 9 de agosto de 2018

O Verdadeiro Detective do Areal

O Verão propriamente dito, começou há pouco, ou como quem diz, o bom tempo, nomeadamente o sol e o calor, e a estação do ano entraram finalmente em concordância. E quando isso acontece, inicia-se uma das minhas actividades favoritas do ano: ir à praia.

Confesso que não sou muito fã da areia dentro dos calções e de muitas inconveniências balneares, e por vezes balear, quando senhoras imponentes dão a costa e teimam em permanecem deitadas na praia, quando regressar a casa seria a opção mais segura para o meu ecossistema visual. Mas o facto de o areal me presentear com beldades em biquíni (e com sorte, fazendo topless) é altamente motivador. Também pode ser uma fonte de distração e por causa dessas abstrações mentais perco sempre alguma coisa. Há dois anos perdi a chave do carro, o ano passado foram os óculos de sol e este ano, ontem, perdi o meu sobrinho, o Isaac.

Ontem, e para fazer um favor ao meu irmão, levei o meu sobrinho. Pessoalmente prefiro a Técnica do Cachorro, as mulheres derretem-se com muita mais facilmente, mas não tendo nenhum à mão, achei que iria safar-me com o miúdo. A minha mãe é que ficou preocupada quando soube. Invocou a minha irresponsabilidade como grande fator dessa preocupação, mas não vejo o porquê. Só o soltei da trela quando pisamos o areal. Para a descansar liguei-lhe mal cheguei à praia: 

“Olá Mãe! Já chegamos! Está um dia lindíssimo! A bandeira está verde e já nós instalamos nas toalhas. (…) Queres falar com ele!? Ok, eu passo-lhe o telefone… (Onde é que o raio do puto se meteu!???) Afinal não vai dar. Ele foi tomar um banho aquático. Foi para o mar. Não é uma afirmação estúpida. Os miúdos de hoje em dia têm brincadeiras estranhas. Podia estar a dar mergulhos na areia (…) Claro que não me esqueci das boias! Não me esqueci mesmo! Estão aqui a minha frente! (Olá jeitosa) (…) Já falas com ele! Deixa o miúdo brincar!”

E assim do nada deixei de saber onde ele estava. Preocupadíssimo, e depois de acabar de ler o jornal, fiz o que qualquer bom detective teria feito. Fui aos “Perdidos e Achados” e não é que encontrei as minhas chaves e os meus óculos de sol. Quando estava a sair de lá, conheci a Sabine, uma loira lindíssima, e como eu, amante e praticante de topless. “Bom dia! Tudo bem? Está um bom dia praia! Está sol, o mar está calminho e ainda não me entrou areia nos calções. Por acaso não viste…. Posso tratar-te por tu? (…) Não viste um miúdo que está provavelmente perdido? (…) Como ele é? Sei la…. É o meu sobrinho. Só o vejo de vez em quando. É baixo com cabelo castanho e os olhos também são castanhos. E esquecia-me de uma informação muito relevante. Tem uns calções vestidos e está como tu… Em topless e em boa forma, mas não lhe fica tão bem com a ti…”

O tempo passava e eu estava raladíssimo na esplanada, enquanto consumia minis e tremoços. A situação tornou-se insustentável, agarrei em mim e decidi avançar corajosamente e sem perder mais um minuto fui pedir o número a Sabine. Mas como já se fazia tarde e queria regressar a casa para ver o jogo. Comecei a chama-lo: “Isaac! Isaac! Isaac! Onde estás? Aparece ou a Avó vai chatear-me a cabeça! Já sabes como ela é! Isaac! Isaac! Isaac! Isaac!... Ah… Isaac! Estás aqui! Onde estiveste o dia todo? O que interessa é que estás aqui! Podemos ir embora! Só uma pergunta! A tua irmã?”

O teu pai vai matar-me!

O Cronista da Parvoíce © 2018

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