Os pesadelos são coisas terríveis. Neles enfrentamos os
nossos maiores receios e claro que nunca acabam bem. É uma questão de
semântica. Perdidos no Vale dos Lençóis em pleno Mundo da Dormência, alguns defrontam
Godzillas, outros fantasmas, eu enfrento o meu maior medo materializado naquele
que aterrorizou a minha infância, o Batatinha.
É verdade! Eu sei que é vergonhoso, mas tenho medo de
palhaços. E não é uma palhacite qualquer. Tenho medo de tudo o que remete para
a palhaçada. Até essa palavra me deixa apavorado. Só de ouvir a palavra palhaço
fico todo a tremer e por vezes até desmaio.
Isto é terrível. Basta alguma coisa me lembrar os palhaços
(ouvir risos, narizes vermelhos, calçado muito grande…) e fico logo em pânico.
Uma manhã acordei constipado e ao ver-me ao espelho, desmaiei, não por ser
muito feio. Com os anos habituei-me a esse facto. O problema é que o meu nariz
estava vermelhíssimo. Nariz vermelho=palhaços. Pumba! Caí para o lado! O pior é
que com a queda fiquei também com a testa vermelha e com o galo. Maldito bidé!
Ele nem teve a amabilidade de se desviar.
Mas isso não o pior que me aconteceu! Lembro-me de uma vez,
em que estava preso no transito e que alguém disse: “Ó palhaço! Essa porcaria não anda!” Como sempre, fiquei apavorado
e pus-me em posição fetal e chuchar no dedo. O problema é que a posição fetal é
sempre acompanhada pela posição fecal. Eu borro-me todo com medo. Mas isso é
menos. Levo sempre uma muda de roupa no caso de isso acontecer.
O pior é que fiquei preso entre o volante e os pedais. Tenho
de escolher melhor os sítios em que me meto. Foi uma carga de trabalhos para
sair dali. Alguns contam que estive ali enfiado durante horas e o que me valeu
foi a ajuda dos artistas circenses que passavam por ali. Sinceramente, não me
lembro de nada. Desmaiei quando o Palhaço Bozo se aproximou de mim.
O Cronista da Parvoíce © 2014
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