quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Bowling

Aviso: Está prestes a ler um texto com Humor Negro. O conteúdo do mesmo poderá chocar os mais sensíveis.

Sempre olhei para o desporto como algo fascinante. Cansativo. Mas fascinante. Até pensei tornar-me atleta de alta de competição. Cheguei mesmo a inscrever-me na equipa de atletismo da escola. Depois de duas corridas, fiquei cansado e desisti. Duas corridas!? Na verdade, foram mais dois passos.

Eu desisti, mas o meu amigo João continuou. E não é que se tornou no rei das pistas de tartan, de tal forma que chamavam-lhe “Tartan, O Titan”. Sempre que corria ouvia-se a mesma pergunta estúpida “É um avião? É um pássaro?...”. Mas são parvos ou quê? Não vêm que é o João!

Ele tinha tudo para ser um atleta de eleição, mas aquele trágico acidente. Tudo aconteceu naquele maldito cruzeiro. Lembro-me de tudo. Eu estava lá. Tínhamos bebido um bocado, e fomos apanhar ar. Não sei se por força ondulação, ou mais da graduação (alcoólica), mas ele estava um pouco pálido. De tal forma, que me disse: “Vou precisar da tua ajuda, para virar isto de borda fora”. E eu como amigo que sou, dei-lhe um empurrão e ele caiu ao mar. Só mais tarde percebi, que era só para lhe pôr os dedos a goela.

Penso que a queda deve sido complicada. Ele não parava de gritar enquanto o corpo fazia ricochete no casco do navio. Mas ele até teve sorte. Não partiu nada. Nem uma perninha, nem um bracinho. Acho eu, não deu para saber se tinha uma fractura. Mal tocou a água, os tubarões comeram-lhe os membros. Felizmente assustaram-se e não tiveram tempo de acabar o festim. Felizmente, porque ele estava a usar a minha gravata preferida e eu não estava com vontade nenhuma de dissecar um tubarão para recuperá-la. Infelizmente a sorte do João estava a acabar, momento antes do salvamento, veio uma onda gigantesca e levo-o para longe. Foi encontrado dias depois pelos uns esquimós, enquanto estava a ser violado por focas.

Não deve ter sido fácil para ele, e depois do que lhe aconteceu transformou-se num verdadeiro casulo. Não porque vai se transformar numa linda borboleta, o corpo dele ficou com um formato “casular”. A verdade é que tenho de dar a mão a palmatória, ele também daria, mas ficou sem elas. Confesso que tenho inveja dalgumas coisas que ele consegue fazer. Cheguei mesmo a tentar imitá-lo, mas quando se desce uma avenida ao reboliço, as pernas e os braços atrapalham. 

Mas nem depois de tudo o que lhe acontece, ele não deixou o desporto, mas já não pratica atletismo. Presentemente joga Bowling, ora faz de bola, ora faz de pino. Até mudou de alcunha, chamam-lhe “Tacos”, por estar mais junto deles. Agora sempre que vou ao Bowling oiço: “É uma bola? É um pino? Não, é o João!”

Darth Parvor ®

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